Atento à hipótese de perdermos R$ 21,5 milhões do governo federal, o Ministério Público investiga por que, depois de quatro anos, o governo do Estado ainda não apresentou os projetos para a restauração de quatro museus de Porto Alegre: o Margs, o Memorial do Rio Grande do Sul, o Júlio de Castilhos e o Hipólito José da Costa – não seria exagero dizer que os dois últimos estão caindo aos pedaços.
Os recursos foram garantidos em agosto de 2013, por meio do PAC Cidades Históricas. Conforme o secretário estadual da Cultura, Victor Hugo, "não existe atraso, existe demora":
– Temos um conjunto de servidores de carreira e, quando um dos nossos arquitetos avalia que o projeto, que é elaborado por uma empresa licitada, não atende ao que foi contratado, não posso contestá-lo.
O diretor nacional do PAC Cidades Históricas, Robson de Almeida, afirma que há atraso, sim. Segundo ele, 75 obras também anunciadas em 2013 já estão em execução, outras 50 passam por licitação e 34 já foram concluídas. Quer dizer: os projetos foram entregues faz tempo.
– Dois anos seria um prazo razoável, com folga, para esses projetos. Quanto mais o tempo passa, menor são as chances de o Rio Grande do Sul receber as obras. A sociedade está vendo os contingenciamentos de recursos. Na semana passada, o PAC teve um corte de R$ 7 bilhões – alerta Robson.
O PAC Cidades Históricas é o maior programa de investimento em patrimônio cultural da história do país. Sem gastar um centavo, o Rio Grande do Sul teria, com ele, uma chance única de ver seus combalidos museus retornarem a um patamar digno. Não vai ser fácil.
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