A proposta de acrescentar R$ 12,9 mil ao salário de secretários concursados – é o caso de Leonardo Busatto, da Fazenda, e de Erno Harzheim, da Saúde – deve ir a votação no plenário da Câmara na quinta-feira. Será o primeiro, digamos, teste de fidelidade da base de apoio de Nelson Marchezan.
Para aprovar o projeto, o prefeito precisa de vereadores que não vêm se mostrando lá muito satisfeitos. Alguns estão ressentidos por estarem há 60 dias aguardando por uma agenda com ele. Outros demonstram irritação ao lembrar que o prefeito vetou boa parte dos projetos que os vereadores apresentaram.
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Mas é, sem dúvida, a redução significativa que Marchezan promoveu na distribuição de cargos – em governos anteriores, vereadores chegavam a indicar 30 CCs na prefeitura – o que mais aborrece alguns membros da Câmara. Apoiadores do prefeito têm recebido no máximo oito cargos no Executivo.
Justamente por montar uma estrutura enxuta, com apenas 15 secretarias, o governo alega que a proposta de Marchezan é razoável para atrair gente qualificada. A lei atual exige que os servidores concursados, quando se tornam secretários, sigam recebendo apenas seus salários de origem. Leonardo Busatto e Erno Harzheim ganham hoje R$ 18,8 mil e R$ 15,8 mil, respectivamente, mas recebiam bem mais há cinco meses, antes de abrirem mão de funções gratificadas para virar secretários.
O que assusta é o valor do acréscimo proposto pelo prefeito – R$ 12,9 mil, embora o governo aceite reduzi-lo para R$ 9 mil. Ainda mais às vésperas de atrasar os salários dos demais servidores municipais. Vamos ver se os vereadores matam esse desgaste no peito.