As paredes do Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas, na Avenida Independência, que já serviram de tela branca para pichadores, estão há 12 anos imaculadas graças a uma pequena placa de metal fixada na fachada. É o que garante a equipe da instituição, que no início se surpreendeu com a compreensão dos infratores.
– Antigamente, o prédio era completamente pichado, não tinha cara de hospital. A mensagem foi fundamental, surtiu um efeito incrível – diz o obstetra Marcelo Matias, diretor-geral do hospital em 2005, lembrando que era preciso gastar dinheiro público para cobrir os rabiscos.
A placa apela para a consciência do pichador: qualquer dia, diz a mensagem, pode ser que um familiar dele necessite de atendimento no Presidente Vargas, que é um hospital público. Mas "os recursos necessários para tal atendimento podem ter sido gastos para corrigir os estragos feitos pelo seu ato", diz a inscrição.
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– Sei que, se alguém fizer a primeira pichação, no mesmo dia o prédio vai estar todo sujo de novo. Quando ocorre a primeira transgressão, as pessoas se sentem livres para praticar as próximas – pondera o doutor Matias.
Ele lembra bem de quem foi a ideia da placa na época. Justamente daquele em que todos adoram pôr a culpa: o estagiário.
– Eu tinha decidido que não deixaria mais as pichações, ia mandar pintar o prédio toda vez que acontecesse. Mas, aí, um aluno que estagiava no hospital deu a ideia de deixar uma mensagem para o pichador. Hoje, todos os prédios da redondeza são pichados, menos o hospital.
Aos engraçadinhos que podem ter a brilhante ideia de pichar a fachada após ler este texto, não custa lembrar: além da placa, lá tem câmeras.