Tomada por terceirizados, mais de 200 em um universo de apenas 33 servidores, a Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa) deverá realizar concurso público após quase três décadas – o último foi em 1989. Nesta quarta-feira (26), o conselho de administração da sociedade de economia mista aprovou novo plano de empregos, funções e salários que prevê a criação de 93 vagas permanentes em cargos de níveis médio, técnico e superior. A excessiva terceirização dos serviços na Ceasa, que motivou apontamentos do Tribunal de Contas do Estado (TCE), é uma das principais razões para deficiências na fiscalização dos alimentos e problemas que vão da gestão à segurança.
O concurso, que ainda precisa ser autorizado pela Assembleia Legislativa, prevê a contratação de profissionais como agrônomo, administrador, advogado, contador, economista e jornalista, além de orientadores de Ensino Médio e Técnico. Todas essas funções hoje são exercidas por empresas terceirizadas – com alta rotatividade dos funcionários, o que dificulta a qualificação dos trabalhadores e continuidade de políticas de gestão. Isso sem contar o risco de criar relações de favorecimento nos processos de contratação.
Dos 33 servidores da Casa, 22 já estão aposentados e continuam exercendo suas funções. O quadro reduzido dificulta a nomeação de gerentes técnicos, por exemplo.
Cargos em comissão são apenas três: o presidente e dois diretores.
O desejo de aumentar o número de servidores efetivos não é de agora, vinha de outras gestões, que acabaram esbarrando nos problemas financeiros do Estado. Deixada em plano secundário nos últimos anos, a Ceasa, por onde passa cerca de 50% dos hortifrutigranjeiros consumidos pela população gaúcha, acabou perdendo a capacidade de investimento.
O preço cobrado é alto: vai da perda de competividade da empresa até a qualificação dos serviços prestados em torno dos alimentos que chegam à nossa mesa.