Passados exatos três meses da extinção oficial da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), o sentimento entre os pesquisadores ainda é de indefinição em relação ao futuro. Boa parte dos funcionários da área administrativa foi remanejada para funções na Secretaria da Agricultura, enquanto os servidores do setor de pesquisa seguem em seus centros sem saber se darão continuidade aos trabalhos:
– Estamos nos sentindo num limbo, como se não houvesse um planejamento voltado para nós – diz Caio Efrom, pesquisador e chefe do centro de pesquisa de Taquari, realocado dentro do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária, criadona secretaria.
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A Fepagro era responsável por centros de pesquisa em 20 municípios, além da sede na Capital, e por 15 laboratórios vinculados a mais de cem projetos. Reportagem publicada na edição de hoje de Zero Hora, da repórter Juliana Bublitz, mostra que dos 12 órgãos extintos pelo governo estadual, cinco já deixaram de existir oficialmente – como a Fepagro.
Os outros sete continuam funcionando por meio de liminares obtidas na Justiça por entidades de classe. Desde a extinção oficial da Fepagro, em 17 de janeiro, ocorreram transtornos em centros de pesquisa, relatam funcionários, como cortes de energia e de internet. Mas o que mais preocupa é a continuidade dos trabalhos a campo, já que o caráter jurídico de fundação foi transformado em administração direta:
– Não sabemos se poderemos participar de editais públicos. Grande parte dos nossos projetos é executado por agências de financiamento. Dependemos de recursos – relata Efrom.
Secretário-adjunto da Agricultura, André Petry informa que nesta semana a secretaria deverá finalizar levantamento sobre os ajustes necessários na estrutura da antiga Fepagro – desde possíveis fechamentos de centros a remanejo de servidores.
– Inicialmente nos preocupamos em manter todos os convênios que estavam em curso. Agora, estamos fazendo uma avaliação final, com uma visão do todo – detalha Petry, justificando que o processo tem um tempo imposto pela burocracia.