E esta, hein? O governo de Nicolás Maduro pediu ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que não repita os "erros" de seus antecessores com a Venezuela, após as sanções impostas por este país contra o vice-presidente Tareck el-Aissami por tráfico de drogas. Quanta ironia. Você estranha?!
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- Esperamos que não cometam os erros do passado. A era (do presidente George W.) Bush foi marcada por um fracasso dos EUA sobre a política com a Venezuela. O presidente (Barack) Obama também foi um fracasso - disse.
Referindo-se a Obama, que assinou decreto que considera o país petroleiro uma "ameaça" à segurança americana, a ministra assinalou que "suas tentativas para derrubar" Maduro "foram infrutíferas". Também sustentou que as políticas de Washington com Caracas nos últimos anos "causaram sofrimento" e também demonstraram que "não podem contra a vontade do povo venezuelano".
Os dois países mantêm relação conflituosa desde a chegada ao poder do falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013), até que em 2010 retiraram embaixadores.
O Departamento do Tesouro americano incluíra o vice venezuelano em lista de pessoas e organizações ligadas ao tráfico de drogas por supostamente estar envolvido com o envio de drogas ao México e aos EUA quando foi ministro do Interior (2008-2012) e governador de Aragua (2012-2017). Maduro rechaçou as sanções e as qualificou como "agressão", mas evitou confrontar Trump, a quem há um mês considerou vítima de "campanha de ódio" da mídia internacional.
O presidente socialista aguarda as ações de seu contraparte americano na política com a Venezuela, advertindo que "pior que Obama não será".
Militares com o vice-presidente
As forças armadas venezuelanas cerraram fileiras em torno de El-Aissami. Em comunicado, a instituição se solidarizou com o vice e expressou "apoio incondicional" ante as acusações do Tesouro americano, que Maduro denunciou como uma "agressão". "A Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) expressa o mais categórico repúdio ao novo ato de ingerência dos EUA, formulando apontamentos absolutamente carentes de fundamento e legalidade", acrescentou o texto assinado pelo ministro da Defesa, Vladimir Padrino López.
Governo emite nota de repúdio
O governo venezuelano entregou nota de repúdio ao responsável pelos negócios da embaixada dos EUA em Caracas, Lee McCleanny, após El-Aissami sofrer sanções por Narcotráfico impostas por Washington. O documento foi entregue na noite de terça-feira pela chanceler Delcy Rodríguez em reunião com McClenny. "A nota de repúdio enviada reprova as ações do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Departamento do Tesouro americano", declarou a chancelaria em sua conta do Twitter. É exigido, do governo americano, um pedido de desculpas ao vice-presidente.
Para confrontá-lo com Trump
Maduro assegurou que as sanções ao vice fazem parte de uma campanha para confrontá-lo a Trump, por trás da qual está a "ultradireita venezuelana" com apoio da emissora CNN. "Estão atacando um país, uma revolução e o alvo final sou eu", afirmou o presidente. Maduro enfrenta queda na popularidade devido à severa crise econômica, com aguda escassez de alimentos e remédios (80% dos produtos da cesta básica estão em falta faz meses no país) e uma inflação projetada pelo FMI em 1.660% em 2017.
Obama, o foco de Maduro
Maduro vinha voltando suas baterias sistematicamente contra Obama, cujo governo declarou a Venezuela ameaça à segurança dos EUA e decretou sanções contra sete funcionários venezuelanos, os quais são impedidos de voltar àquele país. Mas o presidente do país sul-americano tem tratado com cautela o governo Trump, de quem chegou a dizer ser vítima de uma "campanha de ódio". Maduro decidiu que devia entrar em compasso de espera. O governo americano considera as sanções um "ilícito internacional" e adverte que isso pode levar Trump a perpetuar os erros de Obama perante a Venezuela.