Não era pouco o dinheiro das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em ativos imobiliários, agora congelados: chegava a quase US$ 100 milhões. Cem milhões de dólares! A Justiça da Colômbia anunciou o congelamento de bens avaliados em R$ 98,2 milhões, pertencentes às Farc, que implementa com o governo de um pacto de paz assinado em novembro passado.
"Congelamos, para fins de extinção de domínio, bens em um valor próximo a 282 bilhões de pesos (98,2 milhões de dólares) em (...) prédios de influência das dissidências e ex-combatentes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (marxistas)", explicitou o procurador Néstor Humberto Martínez.
Martínez assegurou que esse resultado foi produto de um trabalho conjunto com exército, polícia e autoridades administrativas, que durou "vários meses" e "que conseguiu identificar igualmente bens produto de atividades ilícitas como o narcotráfico", desenvolvidas por alguns membros da guerrilha dissidentes de frentes como 7, 10, 40 e o "Acacio Medina". As operações foram realizadas em quatro departamentos (Estados), entre eles Vichada, leste do país, onde foram identificados "6 imóveis e 4 sociedades avaliadas em 6 bilhões de pesos" (uns US$ 2 milhões), que se dedicavam à mineração ilegal. Em Arauca (leste), foram encontrados "1.473 hectares avaliados em 5 bilhões de pesos" (US$ 1,7 milhão).
Martínez também disse que no sul do departamento de Bolívar se identificaram "260 mil hectares de prédios rurais que foram aproveitados historicamente pela frente 24 (das Farc)" para a exploração de cultivos ilícitos, terras que têm um valor de "cerca de 260 bilhões de pesos" (US$ 90 milhões).
No centro do país, no departamento de Meta, as autoridades encontraram 11 prédios por um valor aproximado de "4 bilhões de pesos" (US$ 1,4 milhão), nos municípios de La Uribe e Mesetas, zonas próximas à concentração das Farc para iniciar seu processo de desarmamento e retorno à vida civil.
O procurador indicou que o artigo 41 da lei de anistia, aprovada em dezembro pelo Congresso para rebeldes apontados unicamente pela prática de crimes políticos e que faz parte da implementação do acordo de paz, diz que as autoridades podem realizar ações "contra os bens ilícitos" dos ex-combatentes e dissidentes da guerrilha.
Desarmamento em três etapas
As Farc começam neste 1º de março a entregar suas armas.
"A entrega de armamento físico será iniciada a partir de 1º de março, com 30%; em 1º de maio, outros 30%; e, em 1º de junho, 40%. E assim serão entregues todas as armas", informa o general Javier Flórez, chefe do Comando Estratégico em Transição das forças militares, encarregado dos temas do pós-conflito.
Nas negociações com as Farc em Havana, Flórez liderou a subcomissão técnica sobre o cessar-fogo e a deposição das armas, como representante do governo.
Os membros das Farc se concentraram nos 26 pontos do país onde entregarão suas armas, progressivamente, sob a supervisão da ONU, preparando-se para o retorno à vida civil. Conforme comunicado do gabinete do alto comissariado da paz, o total de combatentes armados concentrados supera 6.934.