Atender às exigências do Papai Noel em Londres dá uma canseira. Se você tem filhos, então, é bom começar a se preparar com antecedência, porque tradição e etiqueta nesta terra é de pequeno que se aprende. A coluna fez uma seleção dos rituais de fim de ano da ilha
Mince pie
A maior parte dos rituais natalinos na Inglaterra data dos anos vitorianos. Para ser justa, deve-se muito ao marido da Rainha Vitória, o príncipe Albert, que introduziu na corte inglesa tradições de sua infância na Alemanha.
As tortinhas mince pie, por exemplo, originalmente eram feitas de carne moída. Com o passar dos anos, ganharam recheio de frutas, cravo, canela, noz moscada e brandy, num barquinho feito de uma espécie de massa podre.
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Lanche para Santa Claus
No dia 24, não há nada a fazer, a não ser um detalhe importante. Como Papai Noel viaja no trenó, no frio, com suas renas, é de bom tom deixar um lanchinho. Por isso, colocam-se mince pies e uma dose de brandy em frente à lareira na noite de 24 de dezembro. No dia 25, quando as crianças acordam para ver se Papai Noel deixou os presentes, uma das primeiras coisas que conferem é se ele comeu os quitutes. Há quem, recentemente e mais politicamente correto, pense nas renas, e deixa cenouras.
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O ritual do dia 25
O despertar se dá conforme a expectativa pela abertura dos presentes. Segue-se um misto de brunch e jantar reunindo a família. No cardápio: peru, molho de cranberry, batatas assadas, linguiça assada e enrolada com bacon (pigs in blankets) e couve-de-bruxelas – que é motivo de piada e reclamação, porque todos dizem que não gostam, mas todos servem.
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Sobremesa incendiária
O Christmas pudding, uma torta muito forte feita de frutas, é a sobremesa clássica. E, ao servir, joga-se uma bebida para flambá-la e trazer à mesa em chamas. Sinceramente, o efeito cênico é mais interessante do que o sabor.Na sequência, é hora de abrir os crackers, bombom de papel que, ao ser puxado, arrebenta, soltando lembrancinhas. Algumas singelas, como coroas de papel, como as que se veem nos filmes. Outras mais elaboradas. Há lojas pop ups específicas para os tais "bombons de presentes".
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Blusões de Natal
Não interessa a idade, todo mundo tem que ter o seu. Adultos usam para descontrair nas festas de empresa. As crianças vestem no último dia de aula, antes das festas de fim de ano, numa das raras vezes em que são liberadas dos rigorosos uniformes escolares. Os Christmas jumpers se tornaram populares nos anos 80, quando apresentadores e artistas adotaram o uso. Também ganharam fama internacional no personagem de Mark Darcy no filme Bridget Jones. Quem não curte o hábito diz que quanto mais ridículo melhor. Se é para entrar no clima, os descontraídos são a melhor escolha. Das butiques mais sofisticadas aos supermercados, todo o comércio lança sua linha de blusões de Natal.
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Cartões sem fim
Pois aqui, a indústria do cartão e dos selos não precisa se preocupar por um bom tempo. Mandam-se – e muitos – cartões de Natal. E, mais, as crianças também seguem o ritual. Durante o mês de dezembro, as pastas das crianças começam a voltar sempre com cartões enviados por algum colega. Detalhe: é essencial que a criança assine o cartão. Mesmo que seja um garrancho, que ela ainda esteja aprendendo a escrever. Por quê? Não discuta, este é um país que ainda tem família real e com bastante popularidade.
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O MESTRE DAS LETRAS GOURMETS
Morreu no dia 10 de dezembro um dos maiores críticos gastronômicos da Inglaterra e um dos mais incensados internacionalmente. A.A. Gill, 62 anos, escrevia no The Sunday Times. Artista, crítico de televisão, escritor, Gill era polêmico, dizia o que pensava. Considerado esnobe por alguns, independente por outros, não mandava recado, e era unânime a admiração pela qualidade de seu texto. Gill era disléxico e ditava sua coluna por telefone para algum colega do jornal. Anunciou em novembro que estava com câncer e morreu em três semanas.Uma de suas frases provocativas:– Massas são comidas por pessoas felizes e sorridentes, se divertindo com pessoas que amam ou gostam e estão prestes a atacar. Noodles são comidos por pessoas que não têm amigos.
