Ao manifestar pela primeira vez apoio sem restrições ao pacote de Sartori, entidades empresariais gaúchas não descartam a possibilidade de tentar alterar pontos sensíveis mais tarde – como a redução dos incentivos fiscais –, após a aprovação das medidas. Até então, defendiam a necessidade de mudanças estruturais, mas com ressalvas. Dispostos agora a mobilizar os deputados pela aprovação dos projetos, os empresários garantem que a defesa não foi negociada com o governo como moeda de troca – para eventual manutenção da atual carga tributária.
Um dos pontos mais sensíveis ao empresariado no pacote proposto pelo Piratini é a possível redução de até 30% da concessão de benefícios fiscais.
– Se alguma medida tirar a competitividade de setores importantes, como leite e carnes por exemplo, vamos tentar negociar. Corremos o risco de não conseguir reverter, mas estamos cientes disso – disse Gedeão Pereira, vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
Na sede da entidade, os empresários apresentaram nesta terça-feira pesquisa de percepção da população gaúcha sobre o pacote do governo. Com discurso afinado, federações da agricultura, da indústria, do comércio e de serviços abraçaram a integralidade do projeto como forma de diminuir o tamanho do Estado.
– Sabemos que não resolve todos os problemas, mas é um caminho para começar a mudar o cenário – disse Luiz Carlos Bohn, presidente da Fecomércio-RS.
O posicionamento das entidades empresariais foi reforçado pelos dados trazidos pela pesquisa que, entre outros pontos, indica que 72% dos entrevistados concordam com as medidas propostas pelo Piratini. O levantamento, porém, não se ateve a medidas específicas, apenas a questões macroeconômicas.
– O resultado vem ao encontro do pensamento empresarial. Queremos ter um megaestado em saúde, segurança e educação – disse o vice-presidente da Farsul.