Em janeiro de 2017, o governo federal dará início a rodadas de discussões em todo o Brasil a fim de finalizar a revisão do plano de retirada da vacinação contra a febre aftosa. Segundo Guilherme Marques, diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura e presidente da Comissão Regional da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) para as Américas, a etapa de revisão técnica foi concluída após um ano de trabalho.
– Agora começaremos o debate com o setor privado, órgãos estaduais e entidades – informa Marques, que participou do 5º Congresso e Feira Brasil Sul de Avicultura, Suinocultura e Laticínios (Avisulat), em Porto Alegre.
O presidente da Comissão Regional da OIE para as Américas esclarece que nada será feito de forma abrupta. A retirada será gradual, em nichos geográficos de produção, levando em conta riscos sanitários e comerciais.
Embora o cronograma ainda não esteja fechado, o governo trabalha com a hipótese de dar início à retirada gradual a partir de novembro de 2018. A medida é apoiada pelas indústrias de aves e suínos, impactadas no mercado externo pela adoção da vacina em todo o país – exceto em Santa Catarina.
– Mercados importantes ainda têm restrições a países que vacinam, pois entendem que se a imunização é feita é porque existem focos da doença – reforça Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
O mesmo otimismo não é visto entre os produtores de carne bovina. Para a Federação da Agricultura no Estado (Farsul), o processo só poderá ser concretizado quando houver segurança nas fronteiras.
– É muito temerário e não vejo nenhum ambiente para isso, nem a médio prazo – avalia Gedeão Pereira, vice-presidente da Farsul.
A extensa faixa de fronteira do país, segundo Pereira, não dá garantias para afastar a doença.
– Já acessamos mercados exigentes, como os Estados Unidos. Não podemos arriscar tudo agora, experiências traumáticas no passado já nos ensinaram isso – completa o dirigente, referindo-se ao episódio de Joia, ocorrido em 2000.