Fala-se muito em Fidel Castro nestes seguintes ao de sua morte. Ditador? Revolucionário? Livrou Cuba do jugo americano que a reduzia a um bordel? Político solidário? De viés autoritário? Ouço, leio e tenho aqui a minha convicção: Fidel sempre foi um homem de personalidade formatada pelas circunstâncias. Chegou ao poder e levou meses até assumir o caráter socialista da ilha. Mediante a resistência americana e o embargo, não teve outra alternativa que não a de cair no colo da antiga União Soviética. A URSS terminou? Veio o período especial e, ufa, a Venezuela com seu petróleo camarada. O chavismo ruiu? Veio então a necessidade de reatamento diplomático com os EUA, que está em andamento e que, claro, teve sua bênção em cada uma das etapas de grande apelo histórico.
Vale a máxima do homem e suas circunstâncias, de Ortega y Gasset.
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Por esse homem controverso, nesta segunda-feira, milhares de cubanos começaram a prestar sua homenagem.
É o primeiro da série de atos que se estenderão até o próximo dia 4, quando o corpo de Fidel será enterrado em Santiago de Cuba.
Os cubanos entravam um a um na Praça da Revolução, em Havana, onde desfilam ante um retrato adornado com flores do falecido, cujas cinzas ainda não foram exibidas.
A Praça da Revolução era o lugar preferido de Fidel Castro na capital.
A peregrinação ao coração político de Havana, onde Fidel Castro fez vários de seus discursos de muitas horas, com desafios frequentes aos EUA, abre uma semana de tributos ao pai da revolução cubana.
Por ordem do governo, que declarou nove dias de luto nacional, os locais públicos não tocaram música e não serviram licor. As cinzas do homem que governou o país durante 48 anos, antes de uma doença o obrigar a ceder o poder em 2006 ao irmão Raúl, serão expostas na Praça da Revolução até esta terça. Na quarta começará uma procissão que percorrerá 13 das 15 províncias do país, com a conclusão no domingo em Santiago de Cuba, onde as cinzas serão depositadas no cemitério Santa Ifigenia após uma viagem de quase 1.000 km.