Após a elogiada aproximação do embaixador do Brasil na Índia com o setor produtivo do tabaco, manifestação do deputado Edson Brum (PMDB) resultou em crise com a delegação oficial.
Em reunião para relato das discussões na 7ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (COP7), o parlamentar gaúcho disse que os integrantes do governo brasileiro "colocaram-se de cócoras" diante das decisões tomadas no encontro mundial – em relação a não participação do público em geral. O embaixador respondeu que não aceitaria as expressões usadas por não serem respeitosas.
–Esse tipo de diálogo não leva à nada, é um palco. Não quero continuar a conversa nessas condições – disse Tovar da Silva Nunes, visivelmente incomodado.
Brum então retirou-se da sala, em um hotel na região metropolitana de Nova Délhi, acompanhado pelos colegas Adolfo Brito (PP), Pedro Pereira (PSDB) e Marcelo Moraes (PTB). O deputado Zé Nunes (PT) permaneceu na reunião.
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Minutos depois, o embaixador pediu a outros membros do governo que dessem seguimento e despediu-se. Prefeito de Venâncio Aires, município com a maior produção de tabaco no país, Airton Artus, tentou acalmar os ânimos pedindo desculpas à delegação brasileira.
– Criou-se um mal-estar, é inegável – lamentou Artus.
Ainda no começo da semana, o diplomata se dispôs a receber os deputados e os prefeitos na Embaixada do Brasil na Índia. Até a noite desta quarta-feira, no horário da Índia, a audiência continuava confirmada.
Convenção-Quadro não é voltada a restrições ao tabaco, diz Cuenca
Um dos chefes da delegação oficial brasileira na COP7, Carlos Cuenca, do Ministério de Relações Exteriores, voltou a afirmar que a Convenção-Quadro não é voltada a restrições ao cultivo do tabaco, mas sim à redução do consumo de cigarro.
– A delegação brasileira tem essa posição consensual, de não combater ou erradicar a produção de tabaco – disse Cuenca.
Presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Werner ponderou que a redução do consumo de cigarro não pode ser desassociada da produção – pois andam em paralelo:
– O consumo determina a quantidade de produção. Estamos diversificando nossas atividades com essa consciência clara – disse Werner.
Rúpias na mão
Na tentativa de reduzir o mercado negro na Índia, o governo anunciou a descontinuidade de notas de 500 e de 1.000 rúpias – moeda local. O comércio terá 50 dias para depositá-las em bancos.
A medida, a primeira reforma monetária dos últimos anos, pegou os estrangeiros que participam da COP7 de surpresa. Ontem, muitos estabelecimentos já não recebiam a notas de valor maior – causando transtornos à população e aos visitantes.