Primeiro tratado internacional de saúde pública, a Convenção-Quadro tem suas decisões a portas fechadas desde sua ratificação, em 2005. E não foi diferente neste ano, na 7ª Conferência da Partes (COP7), encerrada neste sábado, na região metropolitana de Nova Délhi, na Índia. A medida é justificada como forma de proteger as deliberações de possíveis pressões das indústrias de cigarro. Ocorre que a norma de excluir o público em geral impacta também na imprensa, classificada na mesma categoria pela organização do evento. Um total contrassenso em se tratando de saúde pública, assunto de interesse global.
O sentimento foi expressado por profissionais vindos de diversos partes do mundo. A situação, incômoda pela escassez de informações, fez a Tailândia propor que a imprensa seja classificada em separado. A sugestão foi discutida pela organização da COP – que mostrou-se desconfortável com as críticas de jornalistas.
Leia mais:
COP7 recomenda que governos incentivem produtores de tabaco a buscar diversificação na lavoura
Embaixador do Brasil na Índia recebe comitiva gaúcha após mal-estar com deputados
Imprensa fica do lado de fora na COP7, na Índia
– Compreendemos a frustração de vocês que estão aqui do lado de fora. É por isso que este assunto está sendo levantado para uma possível mudança na próxima COP – reconhece Stella Bialous, porta-voz da COP7, que reuniu mil representantes oficiais de governos.
Estabelecer as regras com antecedência, deixando claro antes da conferência quem poderá ou não entrar, evitará confusões que ganhem proporções maiores do que o propósito maior do evento: reduzir o tabagismo e proteger a saúde pública.
Choque social e ambiental
Delegações de mais de 140 países da COP7 se depararam com uma realidade distinta na Índia. O primeiro baque, já na chegada, era visto no céu. Uma espessa camada de poluição no ar, a mais crítica dos últimos 20 anos, deixou os dias cinzas. O sol era contido por uma contaminação atmosférica que chegava a dificultar a respiração. Mas o mais chocante, principalmente para estrangeiros de países mais desenvolvidos, é a pobreza que ainda predomina em um país em que a classe media é classificada por ter um botijão de gás em casa.