Em relação ao Reino Unido, Donald Trump não foi nada diplomático no seu primeiro ato depois de eleito. No primeiro fim de semana, recebeu em sua penthouse dourada em Nova York Nigel Farage, liderança radical da campanha do Brexit, ex-presidente do UKIP, Partido pela Independência do Reino Unido. Foi uma conversa de uma hora. Saindo de lá, bom marqueteiro que é, Farage soube se vender. Foi o primeiro político estrangeiro recebido por Trump – bom esclarecer, político sem cargo.
E desde a fatídica noite, o encontro só colocou mais lenha na fogueira na já tumultuada política interna inglesa. Farage se autointitulou o interlocutor do presidente eleito. E o ato de Trump, infelizmente, deu esta credencial a ele. Sem calcular, ou justamente calculando o uso político da conversa, Trump deu um tamanho para Farage que mesmo ele não imaginaria mais que teria, já que internamente não consegue nem eleger o seu candidato a presidente no próprio partido.
O estrago político foi grande. Há quem defenda que a primeira-ministra recorra a Farage para ser intermediário nas relações. Mas de concreto, o encontro tratou de uma antiga polêmica de relevância extremamente duvidosa, diante dos atuais desafios.
Os dois conversaram sobre a retirada de um busto de Winston Churchill da sala oval da Casa Branca para acomodar um de Martin Luther King. Quando tomou posse, em seu primeiro mandato, Obama promoveu a troca e realocou o busto do premiê para seu escritório privado.
Para alguns, uma ofensa.
Pois bem, Nigel Farage reivindicou a volta do busto de Churchill à sala oval. Obama, em abril, em sua última visita a Londres, já havia encerrado o assunto, justificando a troca:
– Pensei que era apropriado, como o primeiro presidente afro-americano, ter um busto do Dr. Martin Luther King em meu escritório para me lembrar de todo o trabalho duro de muitas pessoas que, de alguma forma, me permitiriam ter o privilégio de ocupar esse cargo.
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Ah, Farage saiu do encontro com Trump com a importante (contém ironia!) sinalização de que o novo presidente trocaria novamente os bustos de lugar.
REFORMA ANTES DO COLAPSO
O Palácio de Westminster, mais conhecido como Casa do Parlamento, anda mal das pernas. Prédio patrimônio da Unesco, ele precisa de reforma urgente, pois corre risco de inundações e até desabamento. A reforma, prevista em 7 bilhões de libras (R$ 35 bilhões), com duração de 32 anos se os parlamentares permanecerem trabalhando no prédio, pode cair pela metade em custos e durar apenas seis anos se os deputados e lordes se sujeitarem a trabalhar em outro local.
Quatro escritórios entregaram propostas. Responsável pelo Gherkin e a ponte Mlillennium (em frente à Tate Modern), o Foster and Partners, de Norman Foster, é um deles. Sai em vantagem por ter reformado o parlamento alemão, o Reichstag. As outras três empresas são menos conhecidas, apesar de assinarem projetos grandiosos. São elas: o Allies and Morrison, responsável pelo Royal Festival Hall e o Observatório de Greenwich; o conglomerado americano HOK, autor do estádio do Arsenal; e a BDP, escritório inglês de arquitetos recém-comprado por uma empresa japonesa.
DIREITA EM CHAMAS, MODERADOS ACUADOS
Os ânimos andam mesmo exaltados em solo europeu pós-Brexit e agora pós-Trump.
No Domingo do Armistício (13 de novembro), data em que se homenageia os mortos em guerras, o programa mais importante de política da BBC teve que dar explicações por exibir uma entrevista com a candidata a presidente na França Marine Le Pen. A líder da ultradireita francesa falou ao prestigiado programa de Andrew Marr. Quando o público ficou sabendo que a entrevista iria ao ar, choveram reclamações via redes sociais. Foi considerado um desrespeito ouvir a radical em data tão significativa no Reino Unido. Antes de exibir a entrevista, o âncora justificou que o conteúdo deveria ir ao ar, pois deixar de relatar o desafio que Le Pen e Trump representam para a segurança ocidental não honraria aqueles mortos na histórica luta contra o fascismo.
CASSINOS NO BRASIL
Em visita a Londres, o ministro do Turismo Marx Beltrão, prometeu um "Pacotão Nacional de Turismo" para que o Brasil não sofra com a falta de um grande evento como a Copa e as Olimpíadas para atrair turistas.
Isenção de taxas de vistos, isenção de impostos em cartões de crédito, liberação de cassinos em resorts e até a adoção de Tax Free (devolução de impostos locais a visitantes estrangeiros) são algumas das medidas estudadas em parceria com a equipe econômica.
Beltrão participou do seminário Latin American Investiment 2016, na Embaixada Brasileira, e fez um tour londrino tentando seduzir investidores. Sobre a possibilidade de liberação do jogo no Brasil, ressaltou que não é a favor de caça níquel e nem jogo do bicho:
– Nunca conversei com o presidente sobre a liberação dos jogos, não sei a posição do governo. Mas o Ministério do Turismo vê com bons olhos cassinos com resorts integrados.