O impeachment de Dilma Rousseff e a assunção de Michel Temer ao posto de presidente estão provocando grande polêmica no além-fronteiras. A Venezuela chamou seu embaixador e "congelou" as relações com o Brasil. Bolívia e Equador também tiraram seus embaixadores. A Argentina emitiu nota se resumindo a dizer que manterá a relação bilateral - sem maiores juízos. E, agora, o Uruguai lamenta o que define como "profunda injustiça" contra Dilma.
O chanceler brasileiro, José Serra, foi surpreendido e evitou entrar em confronto com o governo uruguaio. Disse o seguinte, num equilibrismo constrangedor:
- Temos um encontro do presidente do Uruguai com o presidente Michel Temer em Nova York, na Assembleia da ONU. Foi sugerido pelo governo uruguaio. Então, vamos ter oportunidade de conversar, esclarecer. O Uruguai é um país que tem uma tradição democrática importante. E temos todo o gosto de analisar as questões com eles num nível elevado e de mútuo entendimento.
Serra acompanha o presidente Temer, em viagem à China para participação na cúpula do G-20, em Hangzhou, entre domingo e segunda-feira.
A chancelaria uruguaia publicou nota sobre o impeachment. Elogiou o papel de Dilma, "eleita legitimamente pelo povo brasileiro", no fortalecimento das relações bilaterais, e completou que, "apesar dos argumentos de legalidade, o governo uruguaio considera uma profunda injustiça a destituição".