Luis Fernando Verissimo teria bons motivos para apreciar uma vida em Londres: a música é boa, a literatura, nem se fala, e a gastronomia, nossa, melhorou muito. Outra de suas paixões, a programação cultural, por aqui, chega a ser estressante – faltam dias para se fazer tudo o que a cidade oferece. Mas talvez o motivo determinante para o aniversariante se manter mais para lá do Canal da Mancha, em Paris, seja que, em Londres, os times azuis se dão bem melhor do que os vermelhos.
LEIA MAIS TEXTOS DO ESPECIAL
80 ANOS DE VERISSIMO:
>>> Verissimo: 80 anos de um enigma envolto em introspecção
>>> Um homem de opinião que só se expressa por escrito
>>> Verissimo com a palavra: "Cronista precisa ter lado"
ARTIGOS E COLUNAS
> Sergius Gonzaga: humor e melancolia
> Eduardo Wolf: ilusões perdidas
> Luis Augusto Fischer: fineza para as massas
> Fraga: Luis Falante Verissimo
> Fernando Eichenberg: Os endereços parisienses de LFV
> Paulo Germano: o dia em que fui demitido
Mas Verissimo, o homenageado desta edição do DOC, já teve planos de morar em Londres. Era 1962, como lembra o filho Pedro.
– Meu pai saiu de Porto Alegre com Londres como destino final, o projeto era estudar ou trabalhar em cinema. No caminho, parou no Rio para capitalizar e acabou conhecendo minha mãe. Tiveram minha irmã Fernanda e acabaram voltando para Porto Alegre.
A filha Fernanda casou-se com um inglês e nasceu Lucinda, primeira neta do escritor.
Nesta coluna especial, listei umas dicas de algumas das preferências do escritor: teatro, jazz e gastronomia. Quem sabe inspire uma próxima visita do aniversariante.
TEATRO
Os dois autores preferidos de Verissimo, Tom Stoppard e Alan Bennett, não têm peças em cartaz neste momento na cidade, mas a temporada é rica, com algum Shakespeare a que você precisa assistir.
Good Canary
Estreia como diretor do ator John Malkovich nos palcos londrinos. Esta montagem do texto de Zach Helm foi premiadíssima na França. Até 8 de outubro.
Art
Duas décadas depois da estreia e de ter faturado os prêmios mais importantes, Art volta em um dos teatros mais bacanas da cidade, o Old Vic (de dezembro de 2016 a fevereiro de 2017).
Imogen
A jovem criada por Shakespeare enfurece o pai, Cymbeline, quando se casa contra a vontade dele. No Shakespeare Globe Theatre até 16 de outubro.
JAZZ
A cena de jazz londrina é tão rica quanto diversificada.
Ronnie Scott’s
O clube do Soho é o mais tradicional e de programação impecável. Não desista da visita mesmo que os shows mais concorridos tenham os ingressos esgotados com semanas de antecedência. Opte pela segunda sessão, a partir das 23h.
Vortex
É o clube de programação mais variada, agrada a puristas, mas atende àqueles mais contemporâneos e a quem não se importa com as propostas comerciais. O ambiente despretensioso e de estrutura enxuta faz parte do clima.
Pizza ExpressJazz Club
Sim, é uma pizzaria no Soho, mas vença o preconceito da aparência do primeiro andar. É no subsolo que o clube se revela. Lá já se apresentaram Amy Winehouse, Brad Mehldau e Norah Jones.
BOA MESA
Esqueça aquela história de que em Londres não se come bem. Alguns dos melhores chefs fincaram pé aqui. Muitos franceses, inclusive, mudaram-se para a ilha – e isso não é provocação para meu amigo colunista da página ao lado (risos).
The Ledbury
Duas estrelas Michelin, sob o comando do australiano Brett Graham, o Ledbury, em Notting Hill, é discreto e charmoso. Os pratos são surpreendentes, sobretudo as louças e os formatos em que são servidos. Acima de tudo, é comida com sabor. E não é isso o que importa?
Pollen Street Social
Jason Atherton trabalhou com o onipresente Gordon Ramsay. Mas o aprendiz superou o chef. Jason ganhou sua estrela Michelin e fez uma pequena revolução na culinária inglesa, nas inovações sofisticadas e deliciosas que serve no seu restaurante.
Hélène Darroze at The Connaught
Um dos hotéis mais luxuosos da cidade, o solene Connaught, aberto em 1892, em Mayfair, abriga um pedaço da França. A chef Hélène Darroze comanda com técnica o cardápio cheio de referências à França de sua infância.
