O descontentamento com o governo de Mauricio Macri ganhou de vez as ruas da Argentina. Hoje foi a vez dos produtores de frutas distribuírem 10 toneladas de peras e maçãs na Praça de Maio, em Buenos Aires, para denunciar uma crise no setor de hortifruti e pedir ajuda do governo. A maioria era do sul do país.
A poucos metros da Casa Rosada, sede de governo, os produtores desde cedo distribuíram frutas a centenas de pessoas que fizeram longas filas para aproveitar o protesto e garantir sua parte.
A agência de notícias AFP ouviu Carlos Ilu, produtor de maçãs e peras da província de Río Negro, na Patagônia (sul):
- Não fomos ouvidos. Por isso, o protesto. A situação é desesperadora. Éramos 10 mil famílias de produtores e hoje somos 2,5 mil.
A Argentina produz anualmente 1,5 milhão de toneladas de peras e maçãs, principalmente no Rio Negro e Neuquén (sul). A metade é exportada, conforme cálculos do setor, mas as vendas ao Exterior caíram 12%, principalmente para Brasil e Rússia. O governo de Mauricio Macri, que assumiu em dezembro, eliminou 5% das retenções por exportações ao setor e impulsionou a liberalização da taxa de câmbio com uma desvalorização de 30%.
Os produtores se queixam que os intermediários ficam com uma maior margem e por isso pedem uma "lei de proteção que permita estabelecer um preço razoável" para sustentar a capacidade competitiva do setor.
Os produtores lamentam que enquanto os custos internos sobem por conta da inflação, o que recebem por seu produto continua estagnado. O setor, por isso, estaria empobrecido. Dizem, ainda, que a falta de perspectivas de crescimento desmotiva os jovens a permanecer na atividade rural.