David Hockney, maior pintor inglês vivo, está com nova exposição em cartaz em Londres até outubro. 82 portraits and 1 still-life apresenta exatamente o que o título entrega: uma natureza-morta e 82 retratos de amigos, familiares, conhecidos e funcionários de seu estúdio. Todos foram convidados a posar na mesma cadeira de estofamento amarelado, no mesmo lugar de fundo azul.
Hockney, 79 anos, levou dois anos pintando a série. O ponto de partida veio de uma experiência traumática. Em 2013, na sua casa em Yorkshire, seu jovem assistente Dominic Elliott morreu após tomar água sanitária. Elliott havia consumido, também, grandes doses de ecstasy e cocaína. Hockney, chocado, abandonou a Inglaterra, como já havia feito nos anos 1960, e mudou-se para a Califórnia.
Desanimado para o trabalho, deixou de lado a pintura. Um dia, conversando com o coordenador do estúdio de Los Angeles, observou que ele estava sentado na cadeira, com a cabeça apoiada entre as mãos.
– Me senti como ele também. Eu disse: "Vou pintar você assim como está”. Comprei uma tela barata numa loja e pintei (este é o único retrato da exposição de alguém com a cabeça baixa) – revelou Hockney.
Cada vez mais recluso, o artista passou a receber visitas e se propôs a retratar quem chegava.
– Não sou antissocial, só estou muito surdo – diverte-se, ao explicar por que não gosta mais de sair de casa.
Aos poucos, os amigos passaram a frequentar o estúdio atraídos pela possibilidade de serem retratados. Hockney pintou a designer Celia Birtwell, sua musa desde os anos 1960, agora uma vovó estilosa, o bilionário Jacob Rothschild, o galerista Larry Gagosian e o comediante Barry Humphries. Os quadros foram pintados em 20 horas, em média, durante três dias. Nas primeiras horas, o esboço; no dia final, apenas o preenchimento de cores.
– Fiquei conhecendo-os muito melhor, assim como eles também me conheceram mais – diz o artista.
Hockney não deixou seus modelos saírem da cadeira, só os pintava se estivessem sentados. Segundo ele, a exigência transformou a experiência: as telas não são uma simples série de retratos, mas uma coletânea de pinturas exclusivas.
– A maioria das pessoas não tem a experiência de que alguém fique olhando para elas por mais de 20 horas – disse à curadora Edith Devaney.
Uma visita a exposição, na Royal Academy of Arts, mostra que o pintor colocou um grande foco nos pés das pessoas. Para o artista, sapatos revelam muito sobre quem somos e, por isso, também optou em produzir as telas em plano aberto, com as figuras completas em quadro.
Certamente não é a série mais impactante de David Hockney, muito menos a melhor exposição. Mas há algo de surpreendente na sala de paredes vermelhas. Mesmo mantendo um padrão básico, e uma aparente monotonia, cada retrato carrega muita personalidade.
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BEBÊ DA MODA
Médicos, enfermeiras e parteiras no Reino Unido já estão temendo a repercussão: Jamie Oliver acaba de ser pai pela quinta vez, e quem cortou o cordão umbilical do bebê foram as duas irmãs mais velhas.
Tudo o que a família do chef famoso faz vira moda. Por isso, o fato de Jools, mulher de Jamie, ter contado via Instagram sobre o cordão do menino (ainda sem nome) já gerou procura pelo mesmo procedimento em muitos hospitais.
Jools tem 41 anos, foi modelo, e hoje mantém uma linha de roupas infantis. Para ficar ainda mais perfeito, ela teve parto normal e postou uma foto amamentando a criança e chamando o marido de "meu herói" (acima).