Opa! Os Estados Unidos liberaram documentos militares e de inteligência sobre a ditadura argentina entre 1976 e 1983, e o conteúdo respingou no Brasil, do outro lado da fronteira. De acordo com os documentos, as autoridades de Argentina, Brasil e Chile, no fim década de 1970, eram definidas pelos americanos como"ultraconservadoras" e com visão limitada, que podia ser observada em atitudes como "as disputas mesquinhas de um país com o outro".
São 1.081 páginas de documentos.
O presidente americano era o democrata Jimmy Carter, reconhecido como artífice da redemocratização sul-americana e crítico severo aos métodos utilizados pelo ditadores de turno e coturno. Em especial, a tortura.
O Brasil, na visão de Carter, era peça-chave para a mudança.
Além de notório defensor dos direitos humanos, Carter tinha restrições ao ditador brasileiro Ernesto Geisel. Nos documentos, essa informação é confirmada. Carter queria o fim da tortura e, ao mesmo tempo, uma relação mais próxima com o governo brasileiro. Era uma relação delicada.
Geisel e Carter tinham, ainda, outro embate: o presidente americano via com sérias ressalvas a proliferação de estudos brasileiros com material nuclear. Para evitar um aprofundamento na fissura diplomática e na tensão crescente, os EUA resolveram adotar uma estratégia proavita: passaram a apoiar projetos sobre energias alternativas. O objetivo era de afastar a ênfase na pesquisa nuclear.
A respeito da Argentina, uma curiosidade: os EUA citam o ditador Jorge Rafael Videla como adversário interno da tortura que corria solta no país. De acordo com os documentos, ele era avesso à prática, mas evitava o confronto com subordinados da linha mais dura. Videla é o maior símbolo da ditadura argentina, que deixou 30 mil mortos e desaparecidos. Governou o país entre 1976 e 1981 - praticamente todo o período em que se deu o regime de exceção.