A Universidade Estadual Paulista (Unesp) enviou para este colunista uma sugestão de reportagem acerca do Mercosul e de seus dilemas. Neste fim de semana, em Zero Hora, já fiz essa matéria sem dúvida relevante, procurando explicar bem a situação difícil vivida pelo nosso bloco regional.
A reportagem, que saiu na página 22 da edição impressa, é esta. Leia aqui.
O que a Unesp propõe, porém, é uma abordagem um pouco diferente.
Mais que ter paralisado o Mercosul, o atual brete pode significar o fim do bloco, pelo menos nos moldes atuais. E aí vem a questão: para o Brasil, esse impasse pode ser positivo? O bloco engessa ou reforça os seus integrantes?
Não é novidade que o Brasil tenta se desvencilhar de algumas amarras e negociar com outros países, aproximando-se sobretudo da Aliança do Pacífico e da União Europeia (UE). Os principais entraves vinham sendo a presidente argentina Cristina Kirchner e a Venezuela chavista.
Hoje, a pedra nesse caminho é apenas a Venezuela, que, ironicamente, seria o país indicado para ocupar a presidência pro tempore do Mercosul – o que, como vimos, é rejeitado pelos demais membros.
Em entrevista para a revista "Isto é", Roberto Troster, coordenador do curso de banking da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) da Universidade de São Paulo (USP), disse:
– O Mercosul atrapalhou as negociações do Brasil com a Europa e com os Estados Unidos.
E Clodoaldo Bueno, professor de Relações Internacionais da Unesp, acrescenta:
– A posição brasileira é corajosa, de bater no peito e pronto. Temos que ficar à vontade para negociar acordos bilaterais. Quanto mais mãos livres, melhor.
Outros analistas ouvidos frequentemente por este colunista, porém, contestam essa visão. Creem que o Mercosul é a forma de o Brasil e as demais nações da região se reforçarem nas negociações com outros países e, muito em especial, com as grandes potencias. Não os cito aqui, por um motivo: não me manterei distante nessa discussão. Darei minha opinião. Creio que o Mercosul é importantíssimo por todos esses motivos citados pelos analistas que o defendem. Mudanças, em especial que permitam a aproximação com a UE e a Aliança do Pacífico, seriam muito bem vindas. Mas a atuação em conjunto da América do Sul é uma conquista de 25 anos que deve ser sempre saudada.
De qualquer forma, abre-se a oportunidade para uma boa discussão.