A partir de setembro ou outubro deste ano, Paris terá sua primeira sala de consumo de drogas de risco reduzido, mais conhecida como "sala de tiro". A ideia, a exemplo do que já existe em outras cidades estrangeiras, é disponibilizar um local destinado a usuários de drogas duras. O objetivo é diminuir o número de overdoses mortais e de infecções por falta de higiene (principalmente hepatites B e C e vírus HIV), mas de olho também na exclusão social e nas perturbações da ordem pública causadas pelos consumidores de rua. A sala será instalada no complexo do Hospital Lariboisière, nas proximidades da estação de trem Gare Du Nord, mas com acesso discreto e independente da rua.
O projeto percorreu um turbulento caminho repleto de obstáculos e de polêmicas até ser aprovado pelo parlamento francês. E as controvérsias persistem. O grupo do contra, em sua maioria moradores do bairro La Chapelle (como os que estenderam a faixa mostrada na foto), alega que a abertura da sala aumentará o consumo de drogas nos arredores e atrairá traficantes, e ainda não desistiu de abortar a experiência por meio de manifestações de protesto. A associação Pais Contra a Droga já havia recorrido à Justiça para obter a interdição da sala de shoot, uma ação sem sucesso.
O espaço, de cerca de 400 metros quadrados, permanecerá aberto por sete horas diárias nos sete dias da semana. Contará com 12 lugares para injeções por via intravenosa e outros quatro para inalações. O acesso será permitido a indivíduos maiores de 18 anos, sóbrios e que não estejam sob efeito de alguma droga. Cada um deles será submetido a uma entrevista prévia e depois receberá um cartão que permitirá consumir sua própria droga no local – o material esterilizado, como seringas, será fornecido pela sala. A estimativa de frequência é de cerca de 400 usuários diários, que terão a supervisão de um enfermeiro, quatro educadores e uma assistente social, num investimento em torno de 800 mil euros financiado pela prefeitura de Paris.
A primeira "sala de shoot" foi aberta em Berna, na Suíça, em 1986, e depois copiada por dezenas de países, como Espanha, Holanda, Alemanha, Portugal, Irlanda, Luxemburgo, Dinamarca, Noruega, Canadá e Austrália. Na capital francesa, a experiência terá um prazo inicial de validade de seis anos e, ao final deste período, serão avaliadas a eficiência da sala e sua continuidade ou não.
BUDAPESTE É AQUI
Nestes tempos de primavera na capital francesa, flanar pelo belo e charmoso Jardim de Luxemburgo, no coração da cidade, nunca é demais. Mas vale também uma visita ao Museu de Luxemburgo, para admirar as obras da exposição atualmente ali em cartaz: Chefs-d’Oeuvre de Budapeste. São 85 peças de arte europeia com datas do fim da Idade Média aos dias de hoje, passando pelo simbolismo, o renascimento germânico, o cinquecento e a idade de ouro holandesa. As obras, entre as quais muitas preciosidades, foram emprestadas pelo centenário museu húngaro Szépmuvészeti Múzeum, de Budapeste, fechado para reforma. Pode-se ver no museu parisiense trabalhos de Dürer, Cranach, Greco, Goya, Manet, Monet, Böcklin, Rodin, Seurat, Gauguin, Cézanne, Tiepolo, Kokoschka, Rembrandt, Van Gogh, Rippl-Ronai, Szinyei Merse ou Vaszary. A mostra permanece aberta até 10 de julho.
MURO ANTIURINA
Paris vem experimentando em certos locais da cidade – por enquanto mantidos secretos – uma arma contra os mijões de rua. Trata-se de uma tinta especial usada em muros situados em áreas normalmente usadas pelos pedestres e festeiros de bexiga apertada, e que repele imediatamente qualquer líquido, num efeito bumerangue de alta periculosidade para o mijão da hora. O produto já foi testado nas cidades de Hamburgo, na Alemanha, e de San Francisco, nos EUA. O objetivo é criar um efeito "dissuasivo".