Depois de ter vindo ao Brasil se solidarizar com a presidente Dilma Rousseff e manifestar preocupação quanto ao iminente processo de impeachment, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), o uruguaio Luis Almagro, avaliará uma solicitação de membros do parlamento venezuelano, de maioria oposicionista, para facilitar o diálogo institucional e acompanhar o possível referendo revogatório do mandato de Nicolás Maduro.
Almagro mantém uma visão severamente crítica ao chavismo. No Brasil, disse que Dilma não cometeu crime de responsabilidade e está sendo alvo de processo coordenado por políticos suspeitos de envolvimento direto na corrupção.
Uma comissão de deputados entregou carta a Almagro em Washington "na qual pede que atue para superar a atual crise institucional", revelou ele próprio.
Apesar de o conteúdo da carta ser reservado, os parlamentares explicaram que pediram a Almagro que avalie "distintos mecanismos", incluindo o envio de uma missão de mediação ou a convocação de um Conselho Permanente, o órgão político da OEA, para discutir a situação na Venezuela.
- O sistema interamericano tem que forçar a aplicação de algum mecanismo que permita superar a situação que estamos vivendo. A região precisa se expressar, e não apenas o secretário-geral - disse o deputado Timoteo Zambrano em entrevista coletiva após a reunião.
Dominado pela oposição desde janeiro passado, após 17 anos de hegemonia chavista, o Legislativo venezuelano está em choque frontal com o governo Maduro, que bloqueia as leis aprovadas por meio do Tribunal Supremo.
- Diante da gravidade da crise, cresce a necessidade de se buscar uma válvula de escape - disse à imprensa Luis Florido, presidente da Comissão de Política Externa do parlamento venezuelano.
Os opositores também pediram a Almagro que observe o processo de referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro, que foi deflagrado esta semana com o recolhimento de 600 mil assinaturas - o triplo do necessário.
Florido denunciou que o governo "tem atrasado os prazos" visando empurrar o referendo para 2017. Alertou que Almagro deve saber "dessa realidade".