Fico imaginando como será este momento emocionante e histórico. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pronunciará na próxima terça-feira, em Havana, discurso dirigido ao povo cubano, no qual se propõe a expor sua visão sobre o futuro da relação bilateral, informou a Casa Branca.
O discurso de Obama "será um momento muito importante" de sua visita a Cuba, afirmou em entrevista coletiva Ben Rhodes, assessor do presidente americano e um dos negociadores iniciais da reaproximação entre os dois países.
Obama fará o discurso no tradicional teatro Alicia Alonso de Havana, disse Rhodes, acrescentando que as autoridades cubanas não expressaram qualquer objeção sobre sua transmissão "ao vivo" por rádio e TV na Ilha.
No discurso, Obama vai "descrever o atual curso das relações, passar em revista a complicada história comum e também olhar adiante", antecipou Rhodes
- Queremos chegar a todos os cubanos, os da Ilha e também aos integrantes da comunidade cubano-americana - detalhou.
O presidente americano quer fazer um balanço "da muito complicada história entre os dois países, mas também mostrar como observamos o futuro".
Acompanhado da família, Obama chegará a Cuba na tarde de domingo e, em seguida, fará um passeio por Havana Velha, acompanhado do cardeal católico Jaime Ortega, arcebispo de Havana.
A visita oficial começa na segunda-feira, com um encontro bilateral entre Obama e o presidente cubano, Raúl Castro. Durante a tarde, o líder americano participará de uma série de debates sobre iniciativa privada, com microempresários cubanos e americanos. Na noite de segunda-feira, Obama e Raúl Castro - acompanhados de seus familiares e delegações - participarão de um jantar no Palácio da Revolução.
Obama se reunirá na terça-feira com representantes da sociedade civil cubana, incluindo dissidentes - a líder do grupo Damas de Branco, Berta Soler, diz ter sido convidada, assim como os dissidentes Manuel Cuesta Morúa, José Daniel Ferrer, Guillermo Fariñas e Miriam Leiva.
Berta Soler disse, porém, que "é muito cedo" para confirmar que irá ao encontro com Obama, depois de se recusar a comparecer a uma reunião similar com o secretário de Estado americano, John Kerry, em agosto passado.
No final deste dia, Obama assistirá a uma partida de beisebol entre a seleção cubana e o time do Tampa Bay Rays. Como lembrou Rhodes, os dois países "compartilham o amor pelo beisebol".
Uma das negociações entre Washington e Havana se concentra na possibilidade de que jogadores cubanos possam jogar e receber salário em equipes americanas sem, necessariamente, emigrar.
Na capital cubana, a mulher de Obama, Michelle, vai se encontrar com estudantes do Ensino Médio, informou Rhodes.
Nesses encontros, a primeira-dama americana levará aos estudantes cubanos perguntas "formuladas por alunos de escolas americanas sobre formas de aprofundar a cooperação entre os dois países".
Ao fim da visita oficial a Cuba, Obama e sua delegação seguem para Buenos Aires. Lá, o presidente americano vai-se reunir com o colega Mauricio Macri.
Na capital argentina, Obama "honrará a memória das vítimas da guerra suja e daqueles que defenderam os direitos humanos nesse período", descreveu Mark Feierstein, responsável pelo Hemisfério Ocidental no Conselho de Segurança Nacional. Sempre é importante lembrar: Obama estará em Buenos Aires justamente no dia em que o golpe militar de 24 de março de 1976 completa 40 anos. Naturalmente, já haveria protestos nas ruas, nos quais frequentemente são queimadas bandeiras dos EUA, país que apoiou a ditadura.
Não seria de estranhar um "mea culpa" do presidente americano...
Além da visita com Macri, Obama deve se reunir com jovens argentinos, e está prevista uma viagem com sua família para Bariloche, na zona andina, "para uma visita a uma das regiões mais espetaculares" do país, de acordo com Feierstein.