Por mais que manifestantes tenham queimado bandeiras perto da embaixada americana em Buenos Aires, Barack Obama se mostrou, na semana que passou, o presidente mais "latino-americano" dos EUA, tanto fazendo ola com Raúl Castro no beisebol em Cuba quanto dançando tango na Argentina. O périplo foi coroado com um passeio a Bariloche, dele e de Michelle com Mauricio Macri e Juliana Awada. Em frente à montanhas nevadas, os casais sorriam para fotos. É ocioso dizer: Macri é "o novo cara" dos EUA na região. Obama quase disse isso, em Buenos Aires, ao brindar com o Malbec que acompanhava um cordeiro patagônico.
– Com o presidente Macri, a Argentina retoma a liderança na região e no mundo – elogiou, enfatizando "valores" comuns.
Em conversa com universitários na Usina da Arte, em La Boca, Obama os aconselhou a evitar se definir como "de direita", ou "de esquerda", e optar "pelo funcional".
– Têm de ser práticos – recomendou, contando ter admitido a Raúl que Cuba "avançou" no "nível de analfabetismo zero" e na saúde e defendendo o sistema de mercado, mas ressalvando ser necessária "uma rede social inclusiva".
Em termos de gastronomia, Michelle e as meninas satisfizeram o desejo de comer bife em uma parrilla de San Telmo. Barack sorveu um mate "pela primeira vez" e gostou. Assegurou que a erva "clareou sua mente". Contou que, quando universitário, soube do chimarrão em leituras de Jorge Luis Borges e Julio Cortázar.
Já Michelle instou 400 garotas a derrubar preconceitos sexistas e estudar como ela, advogada formada em Harvard. Lembrou a infância na periferia de Chicago e disse se sentir em casa ali no bairro Barracas, no sul portenho. Juliana Awada a olhou e agradeceu pelos "conselhos", porque não há "manual para ser primeira-dama". As adolescentes gritavam "Michelle, Michelle" e faziam selfies.
A viagem foi coroada por um "nunca mais" de Obama às ditaduras, no Museu da Memória e no dia em que o golpe de 24 de março completava 40 anos. O presidente americano confirmou que seu país desclassificará documentos de inteligência. No Rio da Prata, o mesmo onde adversários do regime de exceção morreram atirados dos "voos da morte", ele jogou flores.