O marqueteiro João Santana está em apuros.
Uma offshore aberta no Panamá, a Shellbill Finance SA, que seria de Santana e de sua mulher e sócia, Mônica Moura, é o centro das investigações da Operação Acarajé, 23ª fase da Lava-Jato. Força-tarefa da Lava-Jato encontrou evidências de que, entre 25 de setembro de 2013 e 4 de novembro de 2014, o operador de propinas Zwi Skornicki – preso durante a operação – efetuou a transferência no Exterior de pelo menos US$ 4,5 milhões por meio de nove transações. Em outra frente, a força-tarefa também rastreou pagamentos de offshores ligadas à Odebrecht para a Shellbill que totalizaram US$ 3 milhões entre 2012 e 2013.
Só que esta coluna, seguindo sua linha, recorda o seguinte: Santana não se restringiu ao Brasil. Atuou por toda a América Latina, assessorando de Hugo Chávez ao candidato kirchnerista nas últimas eleições argentinas, Daniel Scioli.
Entre 2009 e 2014, Santana esteve por trás das campanhas vitoriosas de diversos presidentes latino-americanos. Mas as investidas internacionais do marqueteiro vêm de antes. De 2003 a 2007, atuou na Argentina. Coordenou o marketing de sete campanhas legislativas, municipais e provinciais.
O começo em nível presidencial se deu em 2009, quando Santana foi o marqueteiro da vitória do esquerdista Mauricio Funes em El Salvador.Usou uma versão da música Canta Canta, Minha Gente, de Martinho da Vila, que logo se tornou a marca da vitória do então candidato.
Em 2012, três campanhas o tornaram mais requisitado na região. Ajudou a reeleger Hugo Chávez, na Venezuela e Danilo Medina na República Dominicana, que derrotou o ex-presidente do país, Hipólito Mejía.
Seus tentáculos foram para além da América Latina. Na África, ele assessorou a campanha de José Eduardo Santos, em Angola.
Depois, vieram Nicolás Maduro na Venezuela e tantos outros.
No ano passado, Santana entrou discretamente na campanha de Daniel Scioli, o candidato kirchnerista derrotado pelo agora presidente Mauricio Macri.
Antes de ser marqueteiro, Santana foi jornalista. Ganhou o Prêmio Esso por entrevistar, para a revista "Isto É", o motorista Eriberto França. As declarações de França foram decisivas para a derrubada do presidente Fernando Collor.
Antes disso, ele foi músico. Conviveu com grandes astros da MPB. Esse dom fica claro nas peças que ele assina. Veja aqui um comovente vídeo assinado por ele como forma de despedida a Hugo Chávez, quando este morreu: