Com aquele seu sorrisinho meio Coringa meio Conde Drácula, o ainda presidente Michel Temer soltou durante a última reunião ministerial de seu governo, nesta semana, uma pérola de bom humor que até merecia estar acompanhada por uma de suas tradicionais mesóclises, mas ficou engraçada mesmo sem o regalito verbal:
– Eu vou sentir muita falta do "Fora, Temer". Quando falavam "Fora, Temer" é porque eu estava dentro. Agora estarei fora mesmo.
Aqui do outro lado do vídeo, não pude evitar o meu próprio sorriso, que provavelmente também faria jus a alguma comparação depreciativa se alguém mais me estivesse observando. Mas, por favor, não pensem que sorri por motivação política, telespectando o nostálgico desfecho de um governo impopular e de duvidosa legitimidade. Pelo contrário: meu riso foi de reconhecimento ao espírito cômico do nosso governante, habitualmente um homem formal e até um tanto insosso.
Gosto de quem consegue fazer piadas sobre si mesmo. Depois da autogracinha, Temer desancou o pau na imprensa e se disse vítima de perseguição política. Não creio que seja bem assim, mas nem isso me incomoda. Espernear é do jogo. Além disso, sou obrigado a reconhecer, também, que em nenhum momento de seu governo ele utilizou o poder para censurar jornalistas ou para autorizar represálias contra seus críticos.
Sai sob suspeição, mas, pelo menos, como um democrata bem-humorado. Tem que manter isso, viu?