Em tempos de comunicação instantânea, mecânica e apocopada, uma vovó britânica surpreendeu a comunidade digital ao encaminhar uma consulta ao professor Google. Em vez de simplesmente digitar as palavras-chave de sua dúvida no espaço apropriado do buscador, como todos fazemos, a senhora de 85 anos escreveu:
– Por favor, traduza estes números romanos: MCMXCVIII. Obrigada.
A consulta bem educada foi flagrada pelo neto da mulher, que fotografou a tela do notebook com a busca e tuitou:
– Ai, meu Deus, eu abri o computador da minha avó e, quando ela pesquisa algo no Google, usa “por favor” e “obrigada”.
Viralizou. O próprio Google tomou conhecimento da história e apressou-se em responder à miss May Ashworth que sua busca referia-se ao número 1998, cumprimentando-a pela educação.
Escrevi nesta semana um texto sobre palavras mágicas, depois de ler sobre um estudo de pesquisadores norte-americanos e australianos que identificaram a relação entre a nossa linguagem e o nosso sucesso. Garantem os cientistas que o uso de palavras positivas condiciona nosso cérebro ao êxito e nosso corpo a uma vida mais longa e saudável. Já o uso de termos negativos induz ao fracasso e às doenças.
Vale para o que dizemos e para o que escrevemos.
A ciência apenas confirma a crença. Textos bíblicos ensinam que “a murmuração atrai serpentes” para ensinar que palavras torpes voltam-se contra quem as pronuncia. No vale-tudo das redes sociais, ninguém pensa muito nisso. Falamos com os dedos e eles nem sempre refletem nossos pensamentos mais elaborados.
Por isso surpreende quando alguém fala com o coração, como a doce dama britânica. O professor Google deve ter ficado desconcertado com tanta educação. Mas o efeito mágico das palavras amáveis é tão poderoso, que até o gigante tecnológico lembrou-se de agradecer.