Conversei no início da semana com estudantes de Jornalismo da UniRitter e saí muito esperançoso do encontro. Durante quase duas horas, cerca de 60 jovens desviaram os olhos de seus celulares e prestaram tanta atenção na nossa conversa, que, ao final, me bombardearam com várias perguntas sobre a nossa profissão, todas pertinentes. Confesso que foi uma surpresa. Não esperava tanto interesse e participação.
Tive a oportunidade de dizer à garotada que o Jornalismo – como escreveu um dia o colombiano García Márquez – pode, sim, ser a melhor profissão do mundo, desde que a exerçamos com paixão, ética e responsabilidade. Mas tive também o cuidado de lembrar-lhes que cada ofício é sempre o melhor para o profissional que o escolheu por livre vontade e que se sente feliz ao exercê-lo. A melhor profissão do mundo não é a que remunera mais nem a que proporciona fama e destaque social. Até pode ser, em alguns casos. Mas, no geral, é aquela que se exerce com prazer e que nos deixa, ao final de cada dia, a sensação de que fizemos bem feito o nosso trabalho.
Por falar em profissões, nesta época triste de tanto desemprego e tanta intolerância, vi dia desses um vídeo da organização Inspirando o Futuro que me deixou perplexo e emocionado. Numa sala de aula com crianças entre cinco e sete anos, duas professoras pedem que elas desenhem um bombeiro, um médico e um piloto de avião. Feitos os desenhos, elas perguntam aos alunos se eles gostariam de conhecer pessoalmente os personagens desenhados. Diante da confirmação, abre-se a porta e entram três mulheres com os uniformes característicos de cada ofício. Desconfiadas, algumas crianças chegam a exclamar:
– Estão fantasiadas.
Então as moças se apresentam: Lacey, bombeira da brigada de incêndio da cidade; Tamsem, cirurgiã do sistema nacional de saúde; Lauren, pilota da força aérea. Passada a surpresa decorrente de histórico preconceito de gênero, as crianças acolhem e festejam as visitantes, brincando com seus equipamentos e tirando fotos com elas.
A melhor profissão do mundo não tem rótulo de status social, gênero ou tradição. É a que se exerce com amor.