Um clássico Gre-Nal jogado longe de Porto Alegre, sem que isso fosse escolha e sim necessidade, nunca aconteceu na história. Grêmio e Inter estão na condição de desabrigados da enchente. São os únicos na Série A que atuam sem casa. Esta premissa já torna desnecessário tratar dos prejuízos técnico e físico provocados pela tragédia climática. A dupla Gre-Nal passou pelo mesmo dissabor e reagem dos seus jeitos às consequências.
Como mandante, o Grêmio leva o jogo para Curitiba, onde viveu uma comunhão extraordinária para vencer o The Strongest. Foi lá também que rifou o jogo contra o Bragantino e empatou com o Estudiantes. De lá para cá, sua campanha de Brasileirão desceu a ladeira. Por mais que este colunista passe o pano, o Grêmio perdeu seis de oito jogos. Tem seis pontos em 24 disputados.
Renato Portaluppi justifica esta realidade por não ter teto. Tem razão. Porém, o treinador terá que agir sobre esta cena para evitar que as coisas se agravem irreversivelmente.
Um dos motivos que tornam mais explosivo o momento do Grêmio é a equivocada insistência em JP Galvão. Mesmo que a intenção seja a melhor (reiterar confiança em quem está sob ataque), o fato é que não há como defender um centroavante que tenha jogado mais de 40 partidas e feito só três gols.
A torcida foi brindada por esta direção com Luis Suárez. Em 2024, Renato convenceu Diego Costa a jogar de azul. A régua fica muito alta na ausência de quem atende tanto a expectativa da torcida. Para o clássico deste sábado (22), o treinador leva de novo a dúvida que não deveria existir.
A questão é menos quem entra e mais a saída de JP. Como o futebol é autor das próprias bravatas, pode ser que o Grêmio ganhe por 1 a 0 com gol dele. Não é o que a amostragem sinaliza, mas vai saber…
Lado menos tenso do Gre-Nal
Visitante no Couto Pereira, o Inter recém compensou o fiasco de ter perdido para o lanterna no domingo passado. A vitória sobre o Corinthians na quarta-feira manteve a equipe de Coudet com campanha de parte alta da tabela. Porém, ainda que não tenha sofrido contra o time paulista, o Colorado não joga um futebol confiável.
O prejuízo de não ter o trio de ouro no ataque fica claro a cada vez que a construção ofensiva empobrece por outros pés que não sejam os de Alan Patrick, Borré e Valencia. O que compensa hoje a ausência do armador e dos dois atacantes é a inesperada afirmação de Wesley como protagonista. Assim, o Gre-Nal que se desenha para o Inter tem menos gravidade.
Se perder, atrasa a campanha e reabilita o rival. Ruim, mas nada que já não tenha vivido nos últimos anos. Caso empate, fica tudo em suspenso por conta da igualdade no placar, transferem-se para o jogo seguinte as soluções dos problemas de um e de outro. Agora, se vencer o clássico, o Inter despedaça o Grêmio numa crise sem precedentes. Seria a sétima derrota em nove jogos no Brasileirão. Ao mesmo tempo, a vitória catapultaria o Inter a um padrão ainda não conhecido por este time em 2024.
O Gre-Nal 442 também é diferente porque nos sentimos, em maior ou menor escala pelas perdas de cada um, em farrapos.