Além de número, todo Gre-Nal tem nome. Às vezes, esse batizado vem antes do jogo, pela expectativa do que o clássico vale ou representa. Teve o Gre-Nal do Século, o Gre-Nal do Centenário, o Gre-Nal da Libertadores, o Gre-Nal da Copa do Brasil, o Gre-Nal Farroupilha, o Gre-Nal sem público, o Gre-Nal da volta do público. Outras vezes, o Gre-Nal tem nome pelos 90 minutos: o Gre-Nal do 5 a 0, o Gre-Nal do 5 a 2, o Gre-Nal do Alan Ruiz, o Gre-Nal do Rafael Moura, o Gre-Nal do Jorge Veras, o Gre-Nal do Geraldão. Nem será preciso pensar muito desta vez: o clássico 442 é, ao menos previamente, o Gre-Nal de Curitiba — o primeiro que ocorrerá, no Brasil, fora do Rio Grande do Sul. Ele será neste sábado, às 17h30min, no Estádio Couto Pereira.
O mando é do Grêmio, e a casa do Coritiba tem um "ar" de Estádio Olímpico mesmo. Encravado nos Altos da Glória (em alusão ao bairro, outra semelhança com o antigo casarão tricolor), o Couto Pereira tem uma construção de quase um século. Foi inaugurado em 1932 e remodelado em 1958 (quatro anos depois do Olímpico). É um estádio raiz, dentro de um bairro residencial e comercial. Como a Azenha.
Por isso os gremistas mais antigos se sentiram tão à vontade nas arquibancadas nas três partidas anteriores realizadas em Curitiba. Especialmente nas da Libertadores. Pela competição continental, foram mais de 55 mil tricolores a pintar de azul um local tradicionalmente verde. A distância entre Olímpico e Couto Pereira é de 700 quilômetros. Na Libertadores, o trajeto foi diminuído pelo afeto e pelas memórias de 1983 e 1995.
Mas em nome da isonomia do confronto, é preciso dizer que o Olímpico também traz lembranças aos colorados. Eram outros tempos, com menos escoltas e aparatos de guerra para eventos de futebol. Em Gre-Nais, a Rua Carlos Barbosa era pintada de vermelho, em tempos de divisões menos excludentes dos visitantes. Os torcedores do Inter caminhavam até a casa gremista. E eventualmente comemoravam triunfos históricos. No primeiro Gre-Nal, uma vitória acachapante de 6 a 2, em 1954. Teve também um 5 a 2. Teve o Geraldão. E teve a última volta olímpica do estádio homônimo, em 2011.
O Gre-Nal de Curitiba poderia ser uma espécie de volta ao passado. Mas não é. O presente não deixa. Embora classificado para as oitavas de final da Libertadores, o Grêmio entra na 11ª rodada do Brasileirão assombrado pela penúltima posição. Embora em colocação mais confortável no campeonato, o Inter vai para o clássico desfalcado de seus atacantes de seleção e com atuações instáveis, que geram insegurança em parte da torcida e críticas ao técnico Eduardo Coudet.
A favor do Grêmio, o mando. Ao lado da torcida, o Grêmio venceu os dois últimos duelos contra o rival. Terá apoio de 95% do estádio, acima de 30 mil pessoas. A favor do Inter, o momento. Nos dois últimos Gre-Nais, ambos no Beira-Rio, saiu vencedor.
Será o último jogo dos tricolores como mandante fora do RS. Nos quatro próximos compromissos do Brasileirão, sediará os jogos no Estádio Centenário. Finalmente, voltará para casa. Será o 11º estádio diferente nos últimos 11 jogos do Inter. A 12ª partida, contra o Atlético-MG, terá repetição pela primeira vez, em Criciúma. Mas o retorno ao Beira-Rio está próximo, já está marcado para ser contra o Juventude, em 10 de julho. E ainda tenta antecipar para o dia 7, contra o Vasco.
A enchente que afastou Grêmio e Inter de suas casas, apresentou a versão heroica e solidária dos atletas, uniu instituições tão antagônicas e obriga a Dupla a batizar um clássico antes de a bola rolar. Caberá aos jogadores e aos treinadores mudar o nome prévio do Gre-Nal de Curitiba.