A forma como o Grêmio ganhou do São Paulo, na Arena, não chega a ser uma mudança de 180 graus no conceito de jogo de Renato Portaluppi. Antes, é uma adaptação aos tempos em que o treinador vive com seu jogador mais raro longe da melhor forma e o desencaixe emocional nascido da eliminação para o Santos. O Grêmio ganhou do São Paulo a fórceps. Ferreira foi, outra vez, fundamental para o sucesso gremista.
No Morumbi, creio que estará em campo desde o início, até porque Reinaldo, o lateral-esquerdo assistente de gol do São Paulo, foi suspenso e não joga. Jean Pyerre, que não brilhou desde que voltou de mais um episódio muscular, merece doses maciças de confiança para que possa ser o jogador que dê o tempo de bola, faça o time jogar e bata a gol de média distância. Vinha sendo até parar duas semanas atrás para tratar o músculo da coxa. Gremistas discutem Jean Pyerre. Discussão lícita e democrática, ainda que inútil e insensata.
O São Paulo jogou melhor do que o Grêmio pelo menos dois terços do tempo. Quarta-feira que vem, o Grêmio de Renato terá pitadas do Grêmio de Luiz Felipe de 95/96 na bravura, na entrega e na capacidade de organização defensiva. Mas não pode deixar de ser o Grêmio de Renato campeão de Copa do Brasil e de Libertadores. A hora requer pragmatismo. Lucas Silva estará no lugar de Darlan com absoluta certeza. E não haverá Geromel.
A torcida, que andava desacostumada de sofrer para ter sucesso, precisará lembrar dos tempos de bravura indômita. Vai ser um jogo grandioso. Seja pela eventual remontada do São Paulo, seja pela confirmação da vaga do Grêmio do jeito que tiver que ser. Será um episódico épico do futebol brasileiro, a um dia do fim do mais maluco dos anos deste país tão sem rumo.