O PSG perdeu o jogo mais do que o Real Madrid ganhou no Santiago Bernabeu. Além de sair na frente, o time francês teve controle do primeiro tempo mesmo depois de sofrer o gol de empate num pênalti bisonho do argentino Lo Celso. Na volta para o segundo tempo, o PSG seguia no comando da partida e próximo de desempatar. Unai Emery, com a intenção de correr menos riscos, tirou Cavani para colocar um lateral-direito e deslocar Daniel Alves para o meio. Na realidade, formatou um monstrengo que deu início à reação do Real em busca da vitória.
Zinedine Zidane, a despeito dos títulos já conquistados no Real Madrid, estava sendo questionado como se os merengues concluíssem pela fadiga dos metais, isto é, que o técnico francês não tinha mais o que tirar do grupo e se demorava a fazer as necessárias cirurgias no time. Porém, foram as trocas de Zidane da metade para o fim do jogo que proporcionaram a vitória ao Real. Asensio foi jogar diretamente sobre Meunier, os dois gols que desempataram a partida nasceram do seu pé esquerdo. Foi o caso clássico de um treinador que mexeu mal e pagou o preço contra outro que mexeu bem e colheu o benefício.
Neymar sempre é um capítulo à parte, não seria diferente neste emblemático confronto. Era sua primeira vez em fase eliminatória na condição de protagonista. Errou o enfoque, o camisa 10 do Brasil. Considerou o jogo uma questão pessoal, prendeu demais a bola, não jogou com ninguém durante grande parte da partida. É verdade que o gol de Rabiot vem de um toque genial de Neymar, mas ser genial é da natureza do brasileiro. Ele pode mais do que isso; pode ser gregário, pode aproximar o time do seu talento. Na derrota para o Real Madrid, Neymar parecia exército de um homem só. Após o 3x1, já no fim do jogo, teve uma bola na grande área, bateu de esquerda, errou. Fizesse 2x3 e o PSG jogaria por 1x0 no Parque dos Príncipes.
Se está decidido? Não. Neymar é fora-de-série, creio que terá aprendido a lição do não se bastar e não perder de vista que futebol é mais de um. Um 2x0 levará o PSG às quartas-de-final. Não apostaria meu engradado de água mineral sem gás, só uma garrafinha de meio litro, que o Paris Saint-Germain reverte e avança.