Desde 1972 o Brasil de Pelotas não tinha um começo de Gauchão tão promissor. Outra época, outra fórmula, outra moeda, uma distância enorme de costumes e jeito de jogar bola comparados a 2018. Clemer comanda o Xavante numa campanha de três vitórias em três jogos nesta temporada. O compromisso do fim de domingo é em Ijuí. O São Luiz faz belíssima campanha para quem vem do Acesso. Empatou com Grêmio e Avenida, ganhou do Juventude. A dificuldade da empreitada é reconhecida pelo treinador. Conversei com o treinador que iniciou carreira no Inter, de onde saiu por motivo outro que não o desempenho do seu time na base.
Não deixa de ser recomeço de carreira para você estar no Brasil de Pelotas. Que valor tem?
Não me considero treinador em experiência, mas também não estou pronto porque a gente nunca fica pronto, aprende todo tempo. Com o Brasil, tenho contrato até o fim deste ano. Se eu for bem, melhor para minha carreira e para o Brasil, que terá alcançado seus objetivos. Todos saem ganhando. Ano passado, cheguei para ajudar a evitar o rebaixamento. Havia problema de autoestima, problemas de vestiário naturais quando os resultados não vêm. Demos um jeito nisso, todos se juntaram no objetivo para não cair, terminamos a Série B em oitavo lugar. Antes, houve um grande trabalho com o técnico anterior. Agora, é comigo. Estou implementando minha metodologia de trabalho, jogamos de outra forma, outro conceito, a aceitação tem sido boa.
É objetivo do Brasil subir à Série A ou só não cair à Série C?
Não consigo pensar em entrar num campeonato só para não ser rebaixado. Quero subir à Série A, mas está muito longe ainda do início da B. Tudo vai depender do que a gente consiga trazer de reforço pontual para o elenco. Tinha jogador no grupo do Inter, onde fui buscar o Alisson Farias e o Mossoró, que até está treinando em separado, eu queria traze, mas a condição financeira não deixa. Aí, tem que entender a realidade, né? A Série B exige mais do que o Gauchão, mas não acho que vamos entrar na competição só para não cair.
Como foi o processo de rejuvenescimento do elenco?
Tenho jogadores experientes a me dar base no time. Marcelo Pitol no gol, Eder Sciola, Leandro Camilo, Heverton, Leandro Leite...eles sustentam os jovens que eu trouxe do Inter, como Alisson Farias e Mossoró. A média de idade do Brasil em 2017 batia perto de 35 anos, agora estamos com média de 25 anos sem desprezar o valor dos mais experientes. E ainda tem o Luis Eduardo, três gols em três jogos, que eu vi na Caldense e pedi para a direção contratar. Meu time gosta de jogar com bola no chão, pressionando a bola, não vamos negociar isso, por exemplo, jogando contra o Inter no Bento Freitas na semana que vem.
Por muito tempo, o Brasil de Pelotas não teve categoria de base. Agora, tem. Já deu para ver se há promessas para você puxar para o grupo principal?
Tem, sim. O centroavante Chrigor, que jogou quarta-feira contra o Veranópolis, e o atacante de beirada Luiz Herique, 16 anos, que não pude usar porque estava suspenso. Estou levando o menino na delegação para Ijuí. Joga muito. Vai ser difícil demais enfrentar o São Luiz, mas, como eu já disse, quero jogar do meu jeito. Afinal, a gente pede tempo para treinar um sistema de jogo. Quando consegue o tempo, vai querer mudar o sistema a cada partida? Não, né?