O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, tenta desde o início do governo acabar com o saque-aniversário do FGTS. O ministro está convicto de que a opção para o trabalhador sacar o recurso uma vez ao ano é ruim, pois o dinheiro deveria servir como uma reserva para emergências ou para investimentos, como o financiamento da casa própria.
A medida nunca avançou por falta de apoio no governo. Agora, o ministro garantiu em entrevista à TV Globo que o presidente Lula apoia a mudança e irá enviar um projeto ao Congresso em novembro propondo a alteração.
O problema central na ideia de Marinho é que ela não tem apoio daquele que deveria ser o principal beneficiado: o trabalhador.
Disponível desde 2020, o saque-aniversário é opcional. Quem adere a este modelo pode sacar o valor uma vez ao ano. Mas, em caso de demissão, não tem direito a acessar o valor integral acumulado. O dinheiro segue na conta para os saques posteriores.
Quando o fim do saque-aniversário começou a ser defendido por Marinho, no início do governo, até mesmo colegas de Esplanada alertaram que a medida seria impopular. O argumento é simples: se o dinheiro pertence ao trabalhador, nada melhor do que dar a ele a liberdade de escolher como aplicá-lo.
Nos últimos anos, além do saque imediato, os recursos da modalidade também estão sendo utilizados como garantia a operações de crédito. Neste caso, os recursos são antecipados e depois o repasse é feito diretamente às instituições financeiras. No projeto, Marinho quer propor um novo modelo, que amplie o acesso dos trabalhadores a empréstimos consignados.
Apesar de o ministro dizer que agora conta com o apoio do presidente Lula, será difícil levar a proposta adiante com tantas reações negativas. Com base frágil no Congresso e dificuldade até mesmo para aprovar projetos que não envolvem polêmica, o governo precisará de muita disposição para bancar a mudança.