Além do aumento da arrecadação, a grande aposta do governo Lula para diminuir o déficit das contas públicas é a economia de recursos com a revisão de benefícios sociais. A bola da vez é o INSS e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Realizar um pente-fino para combater a fraudes é certo e necessário. Mas dificilmente estará aí a solução para o rombo do orçamento. Até porque a projeção do governo de economizar R$ 12 bilhões até 2025 com a revisão dos pagamentos é exagerada, segundo técnicos que conhecem a área.
No INSS, o mutirão envolverá novas perícias para revisão de auxílios-doença de longo prazo e aposentadorias por invalidez. Já a análise do BPC, que é pago a idosos e pessoas com deficiência da baixa renda, buscará, por meio da revisão dos cadastros, encontrar pessoas que não atendam aos critérios.
A coluna conversou com servidores do governo que acompanham a concessão e a revisão dos benefícios. Eles admitiram que há indícios de fraudes em muitos pagamentos, especialmente em razão de autorizações ocorridas durante a pandemia, quando foram flexibilizados os critérios para perícia e comprovação de elegibilidade a programas sociais. Há ceticismo, contudo, sobre o impacto nos cofres previsto pelo governo.
Além das divergências de projeção de economia, técnicos do governo têm ressalvas sobre a capacidade operacional para uma revisão ampla. Além do reforço de atendimento para perícias médicas, dizem que será necessário turbinar os sistemas de tecnologia utilizados pelo INSS e pelos ministérios.