O senador Sergio Moro (União-PR) está em desvantagem no julgamento marcado para começar nesta segunda-feira (1º). Nos bastidores, sua derrota é considerada quase certa no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR). Mas o ex-juiz ainda tem aliados no Judiciário, e não receberá apenas votos contrários entre os sete desembargadores. É provável, inclusive, que um deles peça vista do processo, garantindo a Moro sobrevida política e mais tempo para articulação.
Independentemente do resultado, o caso não se encerrará no Paraná porque cabe recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mas o cenário em Brasília está longe de ser mais amigável. Pessoas com trânsito no TSE relatam que também há tendência de derrota para o senador na instância superior.
O caso de Moro envolve um cenário raro no cenário político atual: PT e PL estão unidos para tirá-lo da cadeira. Nos últimos meses, lideranças desses e de outros partidos já colocaram os times em campo para uma futura eleição suplementar, que terá de ser promovida caso Moro seja cassado.
A principal acusação contra ele envolve abuso de poder econômico. Os partidos entendem que Moro se beneficiou de ter sido pré-candidato à presidência da República, onde o limite de gastos é bem maior. Argumentam que ele se valeu desta visibilidade para potencializar uma futura campanha ao Senado.
Contudo, a pré-campanha de Moro à presidência era sólida, e um dos motivos de não ter avançado foi a dificuldade do Podemos, o seu partido à época, não conseguir formar alianças consistentes, além de seu desempenho nas pesquisas ficar abaixo da expectativa.
É preciso considerar que a trajetória de Moro é uma das mais conhecidas do noticiário político, e fica difícil acreditar que a população do Paraná tenha optado por seu nome em razão da exposição que ele teve durante a pré-campanha.
A disputa em 2022, inclusive, foi contra candidatos com forte exposição. À época, o deputado Paulo Martins (segundo colocado) era deputado e recebeu apoio formal do então presidente Jair Bolsonaro e do governador Ratinho Júnior. Álvaro Dias (terceiro colocado) era senador no exercício do mandato, um dos nomes mais conhecidos da política local.
Mais do que qualquer eventual irregularidade, a falta de apoio político foi crucial nas mudanças de rumo da pré-candidatura de Moro à presidência, e agora é ponto relevante também em sua desvantagem para manter o mandato de senador.