Considerado uma prioridade da política externa do presidente Lula, a assinatura do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia fica mais distante a cada dia. Na prática, falta boa vontade entre as lideranças do velho continente e sobra protecionismo. A troca de poder na Argentina poderá, sim, trazer mais um elemento de dificuldade, visto que Javier Milei é contrário ao acordo. Mas o maior problema está do outro lado do balcão.
Em agendas na Alemanha, Lula disse ao chanceler do país, Olaf Scholz, que seria irracional não finalizar o acordo após mais de 20 anos de negociação. O mandatário brasileiro garantiu que não irá desistir enquanto enxergar margem para negociações em torno de um acordo equilibrado.
Nos últimos meses, contudo, sempre que a diplomacia sul-americana avançou em exigências do bloco europeu, mais dificuldades foram impostas. Agora, o presidente da França, Emmanuel Macron, chama a tratativa de “antiquada” e incoerente com a política ambiental brasileira.
A preocupação com o desmatamento e as queimadas nas florestas brasileiras mobiliza ambientalistas mundo afora, e em boa parte há verdadeiro interesse de estrangeiros em contribuir para a preservação. Mas é inegável que a capacidade produtiva do Brasil assusta o mercado europeu. E, em muitos casos, a exigência de combate a ilícitos ambientais é apenas pretexto para que franceses e outros europeus resguardem os interesses dos produtores locais.
Na quinta-feira (7), durante a Cúpula de Líderes do Mercosul, no Rio de Janeiro, Lula insistirá na necessidade de conclusão do acordo e espera contar com a presença do presidente rotativo da União Europeia, o atual presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez. Até mesmo a diplomacia brasileira, contudo, considera improvável um consenso.