O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, acerta em cheio ao envolver a Polícia Federal (PF) nas primeiras etapas da investigação do assassinato de três médicos no Rio de Janeiro. Até agora, os primeiros indícios apontam para uma execução bem planejada, que tem entre as vítimas o ortopedista Diego Ralf Bomfim, irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP).
Dino justificou nas redes sociais que a participação da PF foi solicitada diante da "hipótese de relação com a atuação de dois parlamentares federais", já que Sâmia é casada com o também deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ). Ambos são críticos frequentes da atuação das milícias do Rio de Janeiro.
O envolvimento da PF e de outras autoridades federais no tema, na arrancada da apuração, é importante para minimizar a influência do crime organizado no trabalho que será executado pela Polícia Civil fluminense — assim como a Polícia Militar, a instituição é contaminada por atividades ilícitas.
No caso do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista dela, ocorrido em 2018, houve desde o início um embate sobre a federalização do caso. Até hoje, a responsabilidade ficou a cargo da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio de Janeiro. Os autores da execução foram identificados e presos, mas ainda não foi concluída a apuração sobre os mandantes do crime.
Dino não antecipou se solicitará a transferência de responsabilidade da investigação de agora à esfera federal. Isso dependerá das informações que serão apuradas a partir desta quinta-feira.
"Após essas providências iniciais imediatas, analisaremos juridicamente o caso", resumiu.
O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, já está no Rio e deve ter reuniões com os responsáveis pelas investigações ainda nesta quinta. Envolvendo ou não conotação política, a preocupação do governo federal é legítima. E o caso Marielle serve de exemplo para que erros sejam evitados e as respostas sejam logo encontradas.