A ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), resignou-se com a indicação do economista Márcio Pochmann para a presidência do IBGE e disse à imprensa, nesta quinta-feira (27), considerar "muito justo" que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva tenha tomado a decisão de indicá-lo.
Tebet tentou contornar a declaração que deu anteriormente sobre não ter sido comunicada previamente, alegando ser apenas um ruído de comunicação. O caso, no entanto, está longe de ser um simples mal-entendido.
Nos bastidores, muito mais do que saber das tentativas do PT de emplacar Pochmann no posto, Tebet tentou evitar a interferência em sua pasta. As posições ideológicas do economista, da heterodoxa escola da Unicamp, contrastam em vários aspectos com a visão da ministra e de seus auxiliares.
O jogo interno foi vencido pela ala mais conservadora do PT, que briga por espaço diante da iminente entrada do centrão no governo. Em frente às câmeras e aos microfones, porém, Tebet escondeu as divergências e tentou amenizar a situação.
— Fui avisada há alguns dias que o presidente da República tinha um nome e gostaria de fazer uma indicação pessoal à presidência do IBGE. Naquele momento, não perguntei por nomes. Acho mais do que justo este pedido, porque o presidente Lula não me fez um pedido sequer até hoje, dentro ou fora do ministério. Diante disso, nada mais justo do que atender ao presidente, independentemente do nome que ele apresentaria — argumentou.
Na tentativa de justificar a divulgação da escolha de Pochmann pelo ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta (PT), antes de sua pasta ser comunicada, a ministra emendou:
— O ministro Pimenta, não sabendo de que na reunião que tivemos com o presidente, não havíamos citado o nome, anunciou preliminarmente. E já está colocado. O nome será oficializado no momento certo, depois da conversa que teremos na semana que vem com o presidente Lula. O nome já está posto, confirmei com a Casa Civil e o ministro (Alexandre) Padilha (das Relações Institucionais) e eles confirmaram.
Tebet não quis responder a questionamentos dos jornalistas, mas antecipou que não fará pré-julgamentos sobre a trajetória de Pochmann e sua competência para o cargo, apenas defenderá que o IBGE permaneça sob condução em caráter técnico.
Nas últimas polêmicas em que se envolveu nas redes sociais, o futuro presidente do IBGE criticou a criação do Pix. O mecanismo gratuito de pagamentos foi classificado por ele como uma iniciativa do Banco Central que dava "mais um passo na via neocolonial".