Os mandados de prisão cumpridos pela Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (3) atingem o núcleo mais próximo de assessores do ex-presidente Jair Bolsonaro. No caso do tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, conhecido como coronel Cid, a confiança era tamanha que o ex-presidente lhe confiava o aparelho celular, com autonomia para responder mensagens.
Além de ajudante de ordens, Cid era amigo pessoal de Bolsonaro. A relação entre eles é antiga e tem conexões com o pai do militar, o general Mauro Cesar Lourena Cid, que foi colega de Bolsonaro na formação de oficiais do Exército.
A intimidade com o assessor chegou a gerar episódios de ciúmes em filhos do ex-presidente. Além de permanecer ao seu lado no Palácio do Planalto e no Palácio da Alvorada — a residência oficial da Presidência —, Cid o acompanhava nas viagens, opinava e influenciava em decisões de governo.
O tenente-coronel também é investigado em outros casos envolvendo Bolsonaro, como a tentativa de liberar a entrada irregular de joias milionárias oriundas da Arábia Saudita. No Supremo Tribunal Federal (STF), responde por suspeita de envolvimento no vazamento de informações sigilosas sobre um suposto ataque hacker ao sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Além de Cid, foram presos ao menos outros dois assessores que acompanham Bolsonaro há vários anos e contam com seu prestígio e confiança: Sérgio Cordeiro e Max Barbosa. Ambos atuavam como seguranças.
Barbosa é ex-sargento do Bope do Rio de Janeiro e acompanha até hoje o ex-presidente como assessor. Nos últimos compromissos públicos após a derrota nas urnas, sempre esteve ao seu lado.
A PF cumpriu nesta quarta-feira (3) 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro. A operação investiga a suposta falsificação do certificado de vacinação de Bolsonaro, de familiares e assessores para viabilizar a entrada deles nos Estados Unidos — onde a imunização contra covid era exigida durante a pandemia.
A operação se chama "Venire", em referência ao princípio do direito civil “Venire contra factum proprium”, que significa "vir contra seus próprios atos".