Foi adiada por 12 meses a entrada em vigor da regra aprovada em 2021 e promulgada no ano passado pela União Europeia que ameaçava as exportações brasileiras dentro de pouco mais de três meses.
A norma proibia, para os 27 países que integram o bloco, a importação de madeira, soja, carne bovina, cacau, café, óleo de palma, borracha e derivados com origem em países que tenham desmatado, ilegal ou até legalmente.
À coluna, a embaixadora da União Europeia no Brasil, Marian Shoegraf, havia dito que conversava com setores preocupados com o Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento para "encontrar soluções viáveis".
O governo brasileiro, por meio do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, havia feito um pedido formal de adiamento ao comissário (cargo equivalente a ministro) europeu para Agricultura e Desenvolvimento Rural, Januz Wojciechowski, durante reunião no Brasil.
Nesta quarta-feira (2), ao informar sobre a decisão, a rede Euronews, focada no continente, observou que havia "pressão da indústria (local) e de parceiros globais" (clique aqui para ver) que reclamavam de falta de tempo para cumprir a lei.
A Comissão Europeia (espécie de Poder Executivo do bloco), prevê "esclarecimentos adicionais" para empresas e órgãos reguladores para facilitar a aplicação da regra a partir de janeiro de 2026.
A decisão também pode abrir caminho para fechar o acordo entre a UE e o Mercosul, que frequenta mesas e gavetas há mais de duas décadas. Em paralelo às conversas sobre uma solução em relação ao regulamento, tanto a embaixadora quanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mencionaram a hipótese de um acerto ainda para este ano.
O tamanho do problema
A UE alterna com a América do Norte o segundo maior destino das exportações brasileiras. Em 2023, representaram 13,5% do total, em terceiro posto. Neste ano, até agosto já subiram para 15,5%, assumindo o segundo, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento. Só a venda dos dois produtos mais comercializados para países da UE, café e soja, representou cerca de US$ 6 bilhões de janeiro a agosto deste ano.
Leia mais na coluna de Marta Sfredo