Fechar o acordo entre Mercosul e União Europeia e disseminar a Estratégia Global Gateway são as duas prioridades da embaixadora do bloco no Brasil, Marian Schuegraf.
Há um ano no comando da delegação no país, a diplomata esteve pela primeira vez no Rio Grande do Sul. Disse ter visto, do alto, um cenário semelhante ao de sua província natal, a Francônia (Franken), no norte da Baviera.
A novela sem fim do acordo Mercosul-UE é bastante conhecida, mas a Global Gateway é uma iniciativa mais recente, considerada a reação dos europeus ao Cinturão e Rota da Seda da China.
Conforme a embaixadora, o projeto multilateral, apresentado no Brasil pela presidente da Comissão Europeia, Ursula van der Leyen, aborda mudança do clima, infraestrutura e justiça social.
— Não são projetos pequenos. Tem grande efeito econômico e benefício ambiental, desenvolvidos em conjunto porque impactam a perspectiva das regiões.
Sobre a nova regra que proíbe exportações de países que sofreram desmatamento desde 2020 e deve entrar em vigor já no próximo ano, a embaixadora afirmou que está cuidando das queixas dos brasileiros:
— Tenho conversado com vários setores preocupados com essa regulação para encontrar soluções viáveis. Não é uma medida protecionista. As pessoas na Europa não querem mais ser responsáveis por desmatamento por meio da compra de produtos.
Schegraf afirmou que o bloco está "ouvindo" as preocupações do governo brasileiro, que pediu algum tipo de adiamento ou tratamento diferente diante das queimadas deste ano. Disse que há "muita discussão" ocorrendo agora, mas não foram concluídas.
— O que certamente não queremos é uma redução das exportações brasileiras. A razão pela qual esses produtos são vendidos na Europa é que nós queremos comprar. Minha meta é aumentar o volume de comércio, não dificultar as relações comerciais.
No Estado, Schuegraf se reuniu com o vice-governador Gabriel Souza para explorar possibilidades de ajudar no desenvolvimento de alertas precoces. Lembrou que a Europa Central enfrenta enchentes que ocorriam, pela estatística, uma vez a cada cem anos. Agora, aconteceram três em um mês.
— Temos de encontrar formas de lidar com a mudança do clima. Quanto mais cedo alcançarmos resultados, mais barato será. Quanto mais esperarmos para investir em medidas climáticas, mais caro será.
E o acordo Mercosul-UE? Conforme a embaixadora, os dois lados estão "fazendo o melhor" para obter um acordo, não em um futuro distante, mas próximo. Mencionou até a intenção de fazer um encontro de investidores para logo depois que for assinado, talvez no próximo ano.