O anúncio com pompa do Plano de Desenvolvimento Econômico, Inclusivo e Sustentável cria uma circunstância óbvia: a dúvida sobre seu futuro. Apresentado a pouco mais de dois anos do final da atual gestão, o programa demorou. Mesmo assim, é fundamental.
Um de seus méritos é fazer um diagnóstico realista da situação do Estado, ainda que um tanto dolorido: o Rio Grande do Sul é a 26ª economia em crescimento entre 2002 e 2021, mas sexta em emissão de gases de efeito estufa. E ainda precisa "importar" cerca de 800 mil pessoas para alcançar objetivos que, se não são ambiciosos em relação a saltos de outros Estados e nações, são extraordinários do ponto de vista do esforço necessário para alcançá-los.
Outro é o acréscimo das palavras "inclusivo" e "sustentável" no nome do plano. Alonga, mas dá o recado necessário a investidores mais conectados com o tempo em que lhes coube atuar. A coluna não duvida que haverá críticas de forças políticas menos conectadas.
Não por acaso, o governador Eduardo Leite e os secretários tiveram de explicar várias vezes o momento da apresentação. É o sexto ano da atual gestão, mesmo com as mudanças de 2020. Mas como na versão mais atualizada do ditado, antes tarde do que mais tarde.
Com apoio de uma consultoria privada internacional, a McKinsey, na concepção, o plano inclui hidrogênio verde e carros elétricos na terceira camada, a da "inovação", que se segue às de "sustentação" e ascensão". São projetos imprescindíveis agora, não no longo prazo.
Conforme o chefe da Casa Civil, Artur Lemos, a incômoda posição do RS como emissor de gases de efeito estufa - um passivo ante investidores, especialmente estrangeiros - será atenuada com investimento em agricultura de baixo carbono e revisão do domínio do transporte rodoviário, já que campo e estradas são as principais fontes dessa emissão.
— As 41 ações serão iniciadas ao menos para colheita dos resultados a curto, médio e longo prazo — insistiu Lemos.
Segundo o vice-governador Gabriel Souza, mesmo que planos inovadores estejam na terceira camada, podem ser cultivado no presente. Sergio Canova, sócio da McKinsey, disse que, mesmo no Nordeste, onde plantas de hidrogênio verde têm diferentes graus de avanço, não há projetos com decisão final de investimento tomada:
— Podemos ter uma planta de hidrogênio verde operando no Estado em quatro a cinco anos.