Depois de ter melhorado a perspectiva da nota de crédito do Brasil de "estável" para "positiva" em junho, a agência de classificação de risco Moody's elevou a nota do Brasil e deixou o país a um degrau do chamado "clube dos bons pagadores", ou seja, países considerados seguros para investir.
A melhora da nota quer dizer que, do ponto de vista dessa agência, o Brasil tem mais possibilidade para honrar suas dívidas. Como esperado, a Moody's elevou a nota de Ba2 para a próxima na escala, Ba1.
No comunicado em que justificou a decisão, a Moody's afirma que a melhora da nota "reflete melhora efetiva no crédito, que esperamos que continue".
A nota não deixa de observar que a credibilidade do arcabouço fiscal "é ainda moderada", o crescimento e a adesão do governo à política permitirá "estabilizar o encargo da dívida no médio prazo, embora em níveis relativamente altos".
A melhora da nota tem potencial para reduzir o custo da rolagem da dívida, que no ano passado atingiu o recorde de R$ 6 trilhões.
Há cerca de 15 dias, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez reuniões em Nova York com as três maiores agências de classificação de risco - além da Moody's, S&P e Fitch. Os encontros tiveram participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que pode explicar a menção à "adesão" do governo.
Qual é a importância das agências de rating?
Como a coluna já comparou, o papel das agências de rating é semelhante ao da Serasa no Brasil. Todo brasileiro sabe que, se estiver "na Serasa", não tem acesso a crédito regular e, se precisar desesperadamente de um empréstimo, terá de recorrer a fontes menos respeitáveis, digamos assim.
O que fazem Fitch, Moody's e S&P - que respondem por cerca de 80% do mercado global de avaliações de risco - é muito parecido. O que avaliam, basicamente, é o risco de calote. Então, é fácil de entender: se o temor de inadimplência for grande, o crédito vai custar mais caro. Se é baixo, tomar ou rolar os empréstimos custará menos.
O Brasil não só precisa fazer mais financiamentos para bancar o aumento das despesas públicas acima das receitas como tem de rolar prazos de forma contínua. Ter melhor nota de crédito permite que essas negociações ocorram com taxas mais baixas - assim como o prometido com o cadastro positivo de consumidores brasileiros.
A classificação das agências parece boletim de escola, mas um pouco mais variado, quase uma sopa de letrinhas e sinais. Parte do AAA e vai até o D de "default", calote no linguajar do mercado financeiro. Até para facilitar o entendimento, as mais de duas dezenas de combinações são divididas em três grupos:
- O primeiro é chamado "grau de investimento", que o Brasil ambiciona recuperar, apelidado de "clube de bons pagadores" para facilitar a compreensão.
- O segundo tem o nome educado de "grau especulativo", mas apelidos depreciativos: "junk bonds", ou "títulos podres". É onde o Brasil está agora.
- O terceiro é tão ruim que nem apelido formal existe, mas a coluna já classificou de "inferno", onde nenhum país quer entrar e todos querem sair. É onde está a Argentina, que tem CCC da S&P, CA pela Moody's e CC pela Fitch.