No universo empresarial, em que o conceito do triplo A ainda é forte, transformar-se em uma "empresa B" pode parecer estranho.
Para a Gerdau, é uma conquista. Nascida em Porto Alegre há 123 anos, tornou-se a primeira companhia da indústria do aço certificada como "empresa B" na América do Norte.
— Isso reforça o compromisso centenário da Gerdau de contribuir para resolver os desafios e os dilemas da sociedade, provocando impacto positivo nas regiões em que atua — afirmou o CEO da siderúrgica, Gustavo Werneck, ao apresentar os resultados do segundo trimestre.
O que define uma "empresa B" é o compromisso com um plano de desenvolvimento contínuo que sai da lógica de mitigação de impacto negativo para uma nova lógica de geração de impacto positivo.
De abril a junho, o lucro líquido ajustado despencou 55,9% em relação a igual período de 2023, para R$ 945 milhões. Esse desempenho, conforme Werneck, reflete o "cenário ainda desafiador" no Brasil, que ainda enfrenta entrada de aço chinês.
— Nos últimos 12 meses, a média mensal de entrada de aço importado foi de 396 mil toneladas, 66% acima da média histórica e com 19,2% de taxa de penetração (percentual de material estrangeiro nas vendas totais), conforme dados do Instituto Aço Brasil — detalhou.
O executivo confirmou que a expectativa é de que o mercado interno comece a sentir no segundo semestre os efeitos das medidas de defesa comercial, como havia antecipado à coluna. Uma das estratégias foi "hibernar" unidades (paralisar produção) no país.
Isso provocou inquietação sobre o futuro, mas Werneck afirmou que não haverá "desinvestimento" (fechamento definitivo ou venda) no Brasil depois do fechamento da usina de Barão de Cocais (MG). Confirmou, porém, que a concentração em plantas mais produtivas será mantida, sem alterar a capacidade total da companhia.
Diferentemente de outros gigantes globais do aço, Werneck afirmou que a Gerdau pode ser até beneficiada pela transição da China:
— Nos planos de curto prazo do governo chinês está a possibilidade de reduzir a produção de aço. Seríamos até beneficiados com menos aço chinês subsidiado que não compete de forma desigual.
Desta vez, a apresentação nacional da Gerdau teve uma imagem icônica para os gaúchos: a estátua do Laçador. Werneck afirmou que, até agora, a companhia já aportou R$ 26 milhões em ajuda emergencial e de reconstrução do Rio Grande do Sul.