Depois de ultrapassar várias marcas históricas durante o dia na quinta (15) e na sexta-feiras passadas, a bolsa de valores do Brasil alcançou nesta segunda-feira (19) seu novo recorde em pontos: fechou em 135.778, resultado de alta de 1,36%.
A máxima anterior no fechamento havia ocorrido em 27 de dezembro de 2023, de 134.194 pontos. O dólar chegou a trafegar abaixo de R$ 5,40, mas encerrou o dia ainda nesse nível, mesmo com queda de 1%.
O novo cenário, que havia sido detalhado à coluna pelo economista André Perfeito, deve-se tanto à consolidação das expectativas de corte no juro nos Estados Unidos em setembro quanto a manifestações de agentes públicos brasileiros.
Um dos motivos que ajudou no bom humor do mercado nesta segunda-feira foi uma manifestação do atual diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, virtual futuro presidente da instituição.
Em evento realizado em Belo Horizonte (MG), Galípolo reforçou que o Comitê de Política Monetária (Copom) está "indo para a próxima reunião (nos dias 17 e 18 de setembro, para quando se espera o primeiro corte de juro nos EUA) com as alternativas abertas", o que embute possibilidade de alta no juro.
— A ata do Copom deixa bem claro que nós estamos dependentes de dados. O cenário está aberto para a próxima reunião. Vamos observar IPCA, IPCA-15, Caged, Pnad, PIB, lá fora, a própria fala do presidente do Federal Reserve (o presidente do Fed, Jerome Powell dá entrevista depois da decisão).
Galípolo ainda destacou que a entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Rádio Gaúcha foi importante para mostrar que não há interdição a uma eventual alta no juro:
— Havia leitura do mercado de que o BC jogava com uma das mãos amarradas. Havia ceticismo quanto à disposição do BC de aumentar a taxa de juros. A leitura era que o BC estava impossibilitado de usar ferramentas da política monetária.
No boletim Focus apresentado na manhã desta segunda-feira (19), a projeção dominante ainda é a manutenção da taxa Selic em 10,5%. Parece que o mercado aceita, enfim, que apenas se fale em aumento de juro, sem precisar elevar de fato. Como explicou Perfeito, só isso já faz efeito (a rima não foi intencional, mas neste caso seria uma ótima solução).
Leia mais na coluna de Marta Sfredo