A rede de supermercados de Santa Catarina Bistek abrirá unidade no bairro Rio Branco, em Porto Alegre. À coluna, o diretor-presidente, Walter Ghislandi, antecipa que a loja será em "ponto icônico" da região. A abertura do quarto supermercado Bistek na Capital está prevista para o próximo ano. Mais outras três ou quatro lojas integram o projeto de expansão da marca na Região Metropolitana, que ocorre desde 2020. Hoje, são cinco no Estado. Ghislandi esteve em Porto Alegre na segunda-feira (24) a convite do IEE (Instituto de Estudos Empresariais) para evento com empreendedores.
A operação do Bistek foi afetada pela enchente?
Não tivemos lojas afetadas, mas tivemos perda total no entreposto, depósito que abastece as unidades de Porto Alegre. Reativamos essa operação na última semana. Também tivemos problemas com funcionários, mas foram resolvidos. A operação de Santa Catarina deu o suporte. Em todas as nossas lojas, clientes doavam e o Bistek dobrava a arrecadação. Recolhemos cerca de oito carretas com mercadorias.
O setor supermercadista foi muito demandado durante a enchente? Será também na reconstrução?
Segundo levantamento da Agas (Associação Gaúcha de Supermercados), em torno de 400 pontos de venda foram afetados pela enchente. Os clientes desses estabelecimentos acabaram migrando para outros que estavam em condições de operar. Também percebemos aumento de renda indireto, com muita doação, muito recurso de fora. O foco, em um primeiro momento, foi alimentação, gerando demanda maior. A médio e longo prazos, o custo dos prejuízos da enchente vai gerar retração de vendas. Em contato com os grandes fornecedores, grandes indústrias, já notamos uma queda de vendas para o mercado gaúcho.
Impacta nos preços para o consumidor?
Pelo contrário. Os preços podem aumentar só em função de fatores globais. Passamos por um momento em que o café está com alta muito forte. Mesma situação de cereais, arroz, óleo e soja.
Como enxerga o momento da economia brasileira?
Vejo com preocupação maior do que era um ano atrás, por exemplo. Quando existe dificuldade em manter as contas públicas em ordem, cria insegurança que mexe em preços no varejo alimentar. O dólar aumentou bastante nos últimos dias, e as commodities, como café, arroz e soja, são atreladas a preços internacionais. Isso impacta em preços internos. Por isso, o Banco Central não mexe na taxa de juro.
Afeta os investimentos que o Bistek prevê para o ano?
Por enquanto, não. O problema vai se atenuar a partir de agosto, setembro. A loja de Tramandaí está a todo vapor e, provavelmente, vamos entregar até o fim do ano. Ainda temos quatro ou cinco projetos na Grande Porto Alegre que estão em fase de discussão com os órgãos que dão liberações, alvarás. Seriam entregues só no próximo ano. Um terreno que compramos e estamos bem avançados fica no Rio Branco, em Porto Alegre, em um ponto bastante icônico do bairro. Pode ser um dos primeiros projetos a iniciar. Não posso dar mais detalhes por conta da tramitação.
Como avalia o mercado gaúcho?
É um mercado com potencial. O nosso modelo de negócio foi muito bem aceito no Rio Grande do Sul, principalmente pela classe média. Permite trabalhar com lojas menores, de 2 mil, 2,5 mil metros quadrados. O consumidor prefere soluções mais rápidas. O cliente entra no supermercado e, em 15 minutos, resolve a necessidade. É quase um e-commerce real.
*Colaborou João Pedro Cecchini