O termo “mercado livre” ainda remete a um site de compras na internet, mas antes disso, há 22 anos, já definia o espaço utilizado para a contratação de energia elétrica. Inicialmente acessado apenas pelas maiores empresas do país, ou seja, aquelas com consumo superior a 500 quilowatts (KW), a alternativa ganhou fôlego com o passar do tempo, e é em 2024 que surgem novas alternativas para turbinar a demanda.
Isso acontece porque, desde janeiro, a opção está aberta para todos os consumidores ligados em alta tensão, seja qual for a demanda. As estimativas indicam a existência de 200 mil unidades conectadas. Desse total, apenas 37 mil, ou o equivalente a menos de 20%, compra energia no mercado livre. Também chamado de ambiente livre de contratação (ACL), é uma alternativa que envolve exclusivamente fontes de energia renovável, essenciais para diminuir os impactos negativos causados pelas emissões de CO2 na atmosfera.
Além disso, há benefícios financeiros, uma vez que os contratos são firmados com valor fixo para a compra da energia ao longo de um período determinado. Por isso, não estão sujeitos às oscilações de tarifas em razão de problemas climáticos que afetam o custo da tarifa para os consumidores cativos, ou seja, aqueles que estão no mercado regular, ou ambiente de contratação regulada (ACR), em que só é possível comprar energia das concessionárias de distribuição, no caso do Rio Grande do Sul, a CEEE Equatorial e a RGE.
Em passagem pelo RS, na semana passada, o CEO da 2W Ecobank, Claudio Ribeiro, percebe semelhanças entre o momento atual do mercado livre a abertura do setor de telefonia na década de 1990, quando o monopólio estatal do setor foi quebrado, possibilitando a entrada das operadoras.
Segundo o executivo da empresa, que recentemente atingiu a marca de 500 pequenas e médias empresas (PMEs) no portfólio de clientes, para atingir esse patamar falta a permissão de acesso para os clientes de baixa tensão. Essa democratização do mercado livre permitiria o ingresso dos consumidores pessoa física. Ribeiro explica que, nesse caso, assim como já acontece no universo de empresas do mercado livre, o cliente pagaria apenas a fatura de energia mensal, concentrando o serviço de distribuição e geração de energia. E as concessionárias teriam de focar suas atenções em infraestrutura e serviços.