A queda de 42% no lucro da Petrobras no terceiro trimestre, em relação a o intervalo entre julho e setembro de 2022 foi o pior resultado para esse período do ano desde 202o, quando petróleo custava US$ 43 o barril.
Mas em vez de provocar queda significativa nos preços das ações, esse desempenho manteve a valorização da companhia estável, oscilando em torno no zero em terreno positivo.
Entre os motivos fora da última linha - como o mercado costuma se referir ao lucro líquido -, está a margem de lucro, que se manteve alta porque, se a receita caiu, os custos também encolheram, e muito: 30%. A XP, por exemplo, viu "mais um resultado sólido", embora tenha apontado "um gatilho (potencialmente) negativo pela frente".
O "gatilho" é o plano estratégico da estatal, que deve ser apresentado neste mês, e conforme já adiantou o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, deve ser muito diferente do herdado pela gestão anterior, que previa investimentos de US$ 78 bilhões em cinco anos. O valor esperado para o próximo é acima de US$ 100 bilhões.
Por isso, a XP diz que segue vendo a Petrobras "como uma tese complexa que, por um lado, fornece uma boa remuneração trimestral aos acionistas e, por outro, tem uma probabilidade não tão baixa de uma intensa perda de valor devido a vários riscos".
O analista Frederico Nobre, da Warren Rena, também apontou "resultados fortes, mas um pouco abaixo do esperado". Mas aponta um dos motivos fora da demonstrações trimestrais para a reação mais do que benigna: "apesar de ter reduzido a fórmula de distribuição de dividendos, os níveis de proventos continuam elevados". A estatal distribuirá R$ 17,5 bilhões no trimestre. Ou seja, mesmo tendo reduzido a ração, a Petrobras segue remunerando muito bem seus acionistas - tanto os do mercado quando o controlador, ou seja, a União. Aí, até o ruim fica bom.
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