Nesta terça-feira (21), parte do Rio Grande do Sul tem uma amostra atenuada da onda de calor que marcou os últimos dias no centro do país e bateu recordes no consumo de energia. Por aqui, é apenas uma trégua na chuvarada, mas já se teme um dos verões mais quentes da história do Brasil, como foi no Hemisfério Norte.
Então, mesmo que o problema climático mais acentuado agora seja o excesso de água, não de temperatura, o Estado será afetado pelo provável aumento de tarifa de energia elétrica que deve atingir todo o país.
As tarifas globais são definidas por área de concessão. No Rio Grande do Sul, duas grandes empresas, a CEEE Equatorial e a RGE-CPFL, detêm as maiores regiões. A cada ano, ocorre um reajuste ou uma revisão nos preços conforme as características do mercado específico.
No entanto, quando é preciso acionar as usinas térmicas para dar segurança ao fornecimento, como agora, a conta é dividida por todos os clientes ligados ao Sistema Nacional Interligado (SIN), por meio do sistema de bandeiras. Agora, vigora a verde, sem qualquer acréscimo. A amarela adiciona R$ 0,01874 para cada quilowatt-hora (kWh), enquanto a vermelha tem dois patamares: no 1, cobra R$ 0,03971 a mais por kWh, e no 2, até R$ 0,09492 por kWh.
No setor, há expectativa de uma iminente bandeira amarela, se o calor não der trégua. Quando há necessidade de reforçar a carga - volume total que vai suprir o consumo -, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), adota a chamada "ordem de mérito de custo econômico", ou seja, pede às usinas que vendem mais barato que entrem em funcionamento primeiro. Só recorre às mais caras em caso de extrema necessidade.
Mesmo assim, a energia gerada em térmicas é muito mais cara do que a produzida em hidrelétricas, por motivos óbvios: no primeiro caso, é preciso pagar pelo combustível, o que não ocorre com a água que forma as barragens. Na semana passada, diante dos recordes de consumo, a referência de preços no mercado de curto prazo de energia saiu do chamado "piso regulatório" - uma espécie de pagamento básico - de R$ 69,04 por megawatt-hora (MWh) para R$ 234,88 por MWH.
Mas calma: a conta de luz não vai triplicar. É apenas um exemplo para ilustrar como os valores estão pressionados no setor. E a conta do calor pode ir parar no bolso encharcado dos gaúchos.